Apesar do potencial de dobrar o tamanho do mercado nos próximos dois anos, o mercado de máquinas de vendas automáticas ou vending machines ainda precisará evoluir seus produtos e se adaptar ao consumidor brasileiro para garantir seu sucesso.
“A grande sacada é que o mercado precisa colocar em foco as necessidades dos shoppers brasileiros. Elas [as máquinas] são importadas, mas devem ser customizadas”, diz o CEO da Croma Marketing Solutions, Edmar Bulla.
De acordo com ele, ainda falta adaptação do modelo de negócio para que o mercado possa, de fato, deslanchar. “Hoje, grande parte das máquinas são de bebidas quentes. Não é contrassenso que isso ocorra em País tropical? Temos grande número de escritórios em São Paulo. Será que só posso oferecer bebidas quentes?”, questiona.
“Vimos experiências mal sucedidas, como o caso de alguns ‘shoppings de flores’ mas será aquilo era o que as pessoas queriam? Ou estavam nos locais certos? É necessário saber o que o consumidor precisa”, reforça ele.
Para se ter uma ideia, no Brasil, há uma máquina a cada 2,5 mil pessoas. No Japão essa proporção é de uma a cada 48 pessoas, e nos Estados Unidos sobe para 118.
Segundo ele, já existem algumas variações de máquinas – como as observadas em estações de metrô que têm produtos de urgência, como guarda-chuvas e carregadores de celular. Este, contudo, é apenas um pequeno pedaço do que pode ser explorado. “O sortimento ainda é pobre.”
Entre os segmentos que tendem a ter um grande crescimento nas vending machines estão os alimentos e bebidas prontos para consumo, cosméticos e produtos vendidos em farmácias. “São segmentos que apresentam maior potencial de inovação”, coloca.
Segundo ele, as vending machines fazem parte de uma tendência global do varejo. Em pesquisa realizada pela consultoria, ficou constatado que 43% dos respondentes acreditam que o autoatendimento é a tecnologia mais importante para o varejo e as máquinas entram nisso. “Isso impacta na configuração do varejo. Sai o vendedor e entra o consumidor”, resume.
O presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, vai um pouco além, e cita que uma oportunidade – ainda que distante – é o mini mercado sem atendentes. “É uma variação da vending machine. Nela, você faz check-in no celular, ativa o meio de pagamento, e a câmera visualiza que produtos você pega. Você pode colocar 50 itens de conveniência, abastecer uma vez por dia e implementar em condomínios e baladas”, conta. A iniciativa, no entanto, ainda deve demorar para chegar ao País.
“Com ela você conseguiria viabilizar um ponto de venda em qualquer lugar. Mesmo que tenha aluguel. Normalmente o caro não é o aluguel, mas a mão de obra”, destaca. A dúvida agora, para ele, é de onde virão as próximas inovações: dos operadores de máquina, da indústria ou do varejo?
Mesmo com um mercado incipiente, já é possível ver no Brasil um movimento de consolidação. Um exemplo, é a aquisição da FastGood pela Gran Coffee no início do ano. De acordo com o um dos antigos sócios da FastGood, Fernando Damas, a alimentação saudável tem um grande potencial de crescimento entre as vending machines, sobretudo com a chamada “onda fitness” dos consumidores paulistanos, região onde a empresa atua. Depois de dominar o mercado corporativo, ele comenta que o plano é que a empresa explore outros locais de grande fluxo.
Outra empresa que sinaliza que mesmo o mercado tradicional tem ganhado força é a Mr Kids, que comercializa brinquedos e doces. Hoje a empresa possui 140 franqueados no Brasil e a meta é fechar em 2018 outros 45 ou 50 novos contratos. De acordo com o diretor da franquia, Antonio Chiarizzi, para este ano, uma das “oportunidades de ouro”, é o Nordeste. No ano passado, a empresa teve um aumento de 24% do faturamento e a expectativa é de alta entre 30% e 35% neste ano.
Fonte: DCI