Para enfrentar a crise, a rede catarinense renegocia com fornecedores, substitui importados por nacionais e revê margens de lucro. Resultado: está crescendo na recessão
De canecas com campainhas, massageadores de pés e pescoço, pratos com o personagem Darth Vader, da saga Star Wars, até porta-lente de contato em formato de corujas. Conhecida pelos seus produtos inusitados para presentes e bugigangas, a rede catarinense Imaginarium, dona de um faturamento de R$ 205 milhões no ano passado, vem conseguindo reagir bem à atual crise que o varejo passa. Em 2015, enquanto o setor apresentou queda de 4,3%, a maior desde o início da série histórica do IBGE iniciada há quinze anos, a varejista conseguiu aumentar seu faturamento em 8%. “Ainda realizamos um forte programa de redução de custos, para ampliar a rentabilidade”, diz o economista carioca Newton Ribeiro, CEO da Imaginarium há apenas dez meses. “Chegamos a economizar 20% em alguns contratos com fornecedores.”
A renegociação foi essencial para a própria sobrevivência da empresa. Mais da metade dos produtos expostos em suas vitrines e prateleiras é importado. Com a disparada do dólar, que se valorizou 48% no ano passado, a única saída era rever preços com fornecedores de países como Índia, Tailândia e, principalmente, China. “Entrei no pior cenário externo possível”, diz Ribeiro. Agora, segundo ele, o plano é reduzir gradualmente os importados por produtos nacionais, fabricados por meio de empresas terceirizadas. Fundada em 1991, a varejista é controlada pela gestora Squadra Investimentos.
Além de reduzir parte da alta dos custos em dólar revendo contratos, a Imaginarium reduziu sua margem de lucro. Deu certo, segundo Ribeiro. Os resultados de dezembro, conhecido por ser o melhor mês do ano para o varejo, foram 30% superiores em relação ao mesmo período de 2014. Com presentes baratos, a partir dos R$ 30, somados ao apelo criativo da marca, a Imaginarium se coloca em uma posição privilegiada no varejo, diz o consultor Osvaldo Nieto, ex-presidente da Baker Tilly Brasil, parceira da DINHEIRO no anuário AS MELHORES DO MIDDLE MARKET. “A empresa passa a impressão que se renova sempre e isso atrai mais visitas dos consumidores”, afirma.
A empresa, que possui 196 lojas, apostou em um modelo de quiosques para atrair franqueados. Já são 13 pontos de venda nesse modelo. O preço para se abrir um é de R$ 130 mil, valor menor do que a metade de um ponto convencional. A meta é abrir 20 lojas este ano. Aquisições de varejistas como papelarias e lojas de utilidades domésticas também estão na mira. “O melhor momento para apostas é ao barulho de canhões e não ao som de violinos.”, diz Ribeiro.