A marca cresce com fabricação, centro de distribuição e recursos próprios e projeta faturamento de R$ 172 milhões
Por Juliana Bianchi
No fim de 2021, os analistas do Itaú BBA fizeram uma lista de marcas que fariam sentido figurar na estratégia de crescimento do grupo Arezzo. Entre nomes nacionalmente conhecidos como M.Officer, Hope, Forum e Colcci estava a fluminense Dress To, voltada à moda feminina para o dia a dia.
A justificativa para uma possível aquisição foi que a marca estava “focada em público-alvo semelhante”, o que abriria possibilidades para “potencializar o cross-selling e acelerar as sinergias”, dizia o relatório do banco de investimentos. A análise não pegou de surpresa a empresa que já se estruturava para um possível processo de M&A.
“Sempre existiu a intenção de fazer parte de uma estrutura maior para expandir mais rápido, internacionalizar. Mas, enquanto isso, fomos melhorando nossos processos internamente e tudo que queremos fazer hoje estamos conseguindo com resultados 50% acima do projetado”, afirma Rodrigo Braga, CEO e sócio da empresa ao lado da diretora criativa e sócio-fundadora, Thatiana Amorim.
Foi com ela que grife começou despretensiosamente há 20 anos ao desenvolver e vender roupas para amigas e, posteriormente para grandes multimarcas atacadistas que a descobriram na feira Mercado Mundo Mix. Desde então, a Dress To vem ganhando espaço.
Depois de passar pelos impactos do primeiro momento da pandemia com queda de 25% no faturamento, a marca conseguiu voltar ao patamar de 2019 em 2021 e projeta fechar esse ano com 22% de aumento, com R$ 172 milhões. Para 2023 a projeção crescer mais 25%.
“Teremos a abertura e ampliação de lojas, entrada em novas praças, como São Paulo e, graças à negociação com fornecedores, um programa interno de redução de desperdícios e investimento em tecnologia e pessoal nossa margem está 12% maior do que o projetado”, conta o executivo.
Parte do ganho também veio da análise de dados que permitiram readequar a produção ao histórico de demanda. Desta forma, a maior parte das peças fabricadas a cada coleção passou a ser vendida a preço cheio, mesmo no atacado, reduzindo as sobras encaminhadas aos bazares. “Antes, apenas 20% da coleção era vendida a preço cheio e 80% com desconto. Agora, as peças da coleção correspondem a 60% e apenas 40% vão para bazar”, explica Braga.
Atualmente a Dress To conta com 34 lojas próprias e 13 franquias posicionadas principalmente no Rio de Janeiro e principais capitais do Nordeste. Até 2026 o plano é praticamente dobrar e contar com 33 novos pontos próprios, entre eles as “casas Dress To”, onde todo o conceito da marca poderá ser melhor explorado. A primeira delas, com investimento em torno do R$ 1 milhão será inaugurada dia 22 de setembro, em Niterói RJ, cidade-sede da empresa.
No primeiro trimestre de 2023 será a vez de São Paulo. “Na cidade, já vendemos bem pelos e-commerces Shop2gether e O Que Vestir, com quem temos parceria de exclusividade. Do ano passado para cá, as vendas em São Paulo mais do que triplicaram. Mas ter um ponto fixo ajudará a gerar mais conhecimento e desejo de marca e agilizará as entregas”, diz o CEO.
Enquanto as lojas-conceito não chegam a todos os estados, a capilaridade nacional é garantida pelas mais de 600 multimarcas onde a marca está presente. Número que deve passar para 750 no ano que vem, para quando se espera um crescimento de 30% nas vendas por atacado, canal que hoje responde por 31% da receita.
Na contramão de outra marcas, a Dress To concentra em sua fábrica de pouco mais de 5 mil m² construídos, em Niterói, 80% da produção, na qual os vestidos de malha e tecidos planos são destaque, respondendo sozinhos por 33% das vendas. Apenas os jeans, bijoux e calçados são terceirizados.
“Ainda temos bastante espaço para crescer a produção e demanda reprimida no Brasil e exterior. O que nos segura são os gargalos da distribuição (o centro deve dobrar de tamanho ainda esse ano) e o capital de giro”, confessa Braga.
Para aumentar o tíquete médio de R$ 320 e surfar no clima de comemorações que vem tomando o país com a aproximação definitiva do fim da pandemia, a marca lança no próximo mês a linha festa, batizada Dress To by Thati Amorim.
Com 10 modelos feitos com tecidos especiais, como seda, cetim e crepe, em tiragem limitada de 120 peças cada, a linha terá preços entre R$ 899 e R$ 1.600, e deverá concorrer com marcas como PatBO e Carol Bassi.“Essa é a vantagem de fazemos tudo com capital próprio, conseguimos implementar 100% das coisas como gostaríamos”, afirma o empresário.
Apesar da constante demanda para aumentar as exportações para praças como Estados Unidos, onde desde 2019 tem uma representante comercial que lhe garante pedidos anuais, ele garante que esse ainda não é o momento de investir na internacionalização da marca. “Ainda temos muito para conquistar por aqui. Estamos felizes fazendo nosso trabalho e sabendo que, quando acontecer um M&A tudo estará bem encaminhado para ser implementado automaticamente. Mas não estamos com pressa”, afirma.
Fonte: Neofeed