Enquetes recentes traduzem essas tendências em números: 85% dos brasileiros declarar querer reduzir muito seu impacto no meio ambiente e apenas 17% dizem precisar de muitos bens materiais para serem felizes, indica a pesquisa Vida Saudável e Sustentável 2020 , do Instituto Akatu em parceria com a consultoria Globescan; cerca de 69 milhões de brasileiros (42% da população adulta) pretendem comprar menos nos próximos meses comparado ao que gastavam pré-pandemia, destacou levantamento do Instituto Locomotiva – “é momento de focar na saúde e sobrevivência das pessoas e de poupar, porque não se sabe quanto tempo a crise irá durar ”, justificou um dos entrevistados do estudo. Entre os brasileiros ouvidos para a pesquisa Consumo e Pandemia , feita EY Parthenon e publicada pela Veja Insights no fim de setembro, 71% disseram que se tornaram mais conscientes acerca dos cuidados de higiene pessoal, como reflexo da necessidade de aumentar esforços para evitar a disseminação do vírus; 59% disseram ter aumentado o cuidado com a casa; 54% passaram a comprar apenas o essencial e 39% aumentaram o consumo pela internet. E, conforme o estudo Novos Hábitos Digitais em Tempos de Covid-19 , da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), 70% dos brasileiros desejam incorporar esses novos hábitos de compra e consumo no pós-pandemia. Querer, entretanto, nem sempre é poder. Afinal, como saltamos do impulso quase que inconsciente de acumular papel a uma tendência de consumo mais consciente e eco-friendly neste fim de 2020? Em outras palavras, por que consumimos como consumimos? “Esta é uma pergunta de 1 milhão de dólares”, diz o escritor Ricardo Cavallini, fundador da consultoria Makers e professor da Singularity University. “Muito do nosso consumo se deve a nossa cultura e a covid-19 é um gatilho para repensarmos muitas coisas. Do mais óbvio ‘por que não posso trabalhar de casa?’, ao comportamento cotidiano ‘por que preciso me maquiar todos os dias?’, até questões mais complexas como ‘será que não estou jogando dinheiro fora ou consumindo da maneira errada?’”, exemplifica. “Agora, o marketing terá que entender essas mudanças para se adequar a nova realidade. Se o consumidor mudou, se cultura mudou, o marketing também deve mudar.”
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