Por Jennifer Ann Thomas | Banho gelado, meditação (mesmo que por apenas dois minutos), café e exercício físico todos os dias. Na rotina de Kátia Barros, cofundadora e diretora de criação da marca de vestuário Farm Rio, a única certeza que se repete cotidianamente é essa sequência de quatro etapas. De resto, nenhum dia é como o anterior.
Em sua casa no Rio de Janeiro, numa região rodeada por Mata Atlântica, Kátia tem acesso a novidades constantes só por estar em meio à natureza. “Cada dia é diferente. Tem um tucano que pousa em uma árvore. Em outra, chego a ver 14 aves. Isso, para mim, é muito importante”, disse. Essas cenas se refletem nas estampas da marca, que hoje representam mais de um terço das vendas do Grupo Soma, maior rede de moda do Brasil, também dona de marcas como Hering e Animale, com faturamento de R$ 5,3 bilhões em 2023. Em fevereiro, o grupo se aliou à Arezzo&Co.
A primeira loja da Farm abriu as portas em Nova York em 2019. Hoje o país já representa cerca de 20% de suas vendas. Celebridades como Justin Bieber, Taylor Swift e Alicia Keys já foram vistos usando roupas da Farm. Desde 2022, a marca também está na Europa. As receitas da Farm vindas do exterior representam 9% das vendas totais do Grupo Soma.
Kátia, que fundou a empresa em 1997, também atribui o potencial criativo à curiosidade. “Acredito na capacidade de ver mil coisas ao mesmo tempo. Sempre fui muito interessada em tudo, na história das pessoas”, diz. Ela valoriza a criação que teve dos pais. “Sempre fui muito livre, meus pais me apoiaram, podia ser qualquer coisa que quisesse. Essa flexibilidade me ajudou na construção de como eu sou, de como penso.”
Para alimentar o fluxo criativo, uma das suas práticas preferidas é viajar. Com novidades do café da manhã até o jantar, os passeios são os momentos em que tudo é inédito: pessoas, exposições, clima, cultura, idioma, o jeito de se vestir. Mais recentemente, adquiriu o hábito de esquiar com a família – para desenvolver uma coleção de roupas de inverno com as estampas coloridas típicas da marca.
Mesmo com uma agenda cheia, semanalmente ela tem o que chama de “dia de ócio”. É um tempo em que pode fazer suas aulas de piano, para ela uma ferramenta que conecta os dois lados do cérebro em um exercício mental poderoso. Mesmo nomeando a data como “ócio”, ela entende que a escolha é valiosíssima. “É como um reset. Todas as coisas que acumulamos ficam na cabeça, as informações vão sendo atropeladas – e essa pausa permite um download natural.”
Fonte: Época Negócios