Ao abrir sua participação na NRF 2018, em Nova Iorque, o presidente do grupo Walmart, Doug Mcmillon, fez um apelo. “Por favor, se você é varejista, invista em salário, o varejo é um setor de pessoas”, afirmou o CEO da maior varejista do mundo.
No começo de 2018, o grupo anunciou diversas medidas que envolvem remuneração, desde bônus a nova política de licença maternidade e paternidade para empregados nos Estados Unidos. Mulheres terão 10 semanas e homens serão seis semanas remuneradas. Além disso, o Walmart vai custear despesas para adoção de crianças pelos funcionários – serão US$ 5 mil por criança. McMillon vinculou as diversas ações aos desafios da companhia para ter resultados na nova fase, com uso cada vez mais intenso de tecnologia, que, segundo o CEO, está transformando o negócio. “Estamos mudando o foco da companhia que é agora é de tecnologia”, afirmou, a uma plateia lotada e ligada nas práticas do gigante. Alguns registros na imprensa norte-americana repercutindo as declarações de McMillon, feita no fim da tarde de domingo (14), indicaram que as medidas contrastam com recentes fechamentos de lojas no país, como de unidades da bandeira Sam’s Club, com demissão de mais de 11 mil pessoas.
No Brasil, o grupo também fecha lojas como da bandeira Nacional, no Rio Grande do Sul, e concentra as marcas na bandeira Walmart. Sobre o uso da tecnologia, o CEO citou que são feitos pesados investimentos em treinamento. São 200 academias de formação já criadas e 225 mil pessoas treinadas. “Queremos que as pessoas ajudem e apoiamos em coisas básicas como salários e benefícios”, repetiu. Segundo Mcmillon, as medidas vão elevar o tempo de permanência do empregado na companhia.
O grupo tem 3,5 milhões de empregados no mundo. Uma das constatações do CEO é que a digitalização de processos está liberando as pessoas para fazer outras tarefas. O avanço do Walmart em serviços que ampliam a atuação é acelerado. O grupo comprou operações de e-commerce como a Jet.com e Shoes.com. Ao ser questionado sobre a teoria do fim do varejo físico, o CE respondeu de forma humorada: “Realmente, o rumor da morte tem sido muito grande. O que passa pela minha cabeça é o seguinte: as pessoas vão atrás do que o dólar pode comprar e no tempo disponível. Portanto, há muita coisa possível no varejo. Consumidor quer saber mais de produto”, citou, referindo-se a questões ligadas a procedência de itens, sustentabilidade e redução de resíduos com impacto ambiental. E apontou que, no caso do Walmart, um dos trunfos é usar a escalabilidade do grupo. Mcmillon também disse que um dos exercícios que a companhia mais faz hoje é ouvir as críticas dos clientes. “Aquelas que nos odeiam, quem são e o que dizem”, exemplificou. Se depois desses conselhos e exemplos, o empresário tiver dúvida do que fazer para se manter no mercado, McMillon advertiu: “O varejo muda muito. Se você estiver entendiado, não está fazendo a coisa certa.”
Fonte: Newtrade