Farmácias 100% digitais ganham terreno sustentadas por novos aportes e estratégias que vão muito além da robustez tecnológica
Por Redação
A consolidação do e-commerce no varejo vem alterando a dinâmica da concorrência no setor farmacêutico. As farmácias 100% digitais ganham terreno sustentadas por novos aportes e estratégias que vão muito além da robustez tecnológica, passando pela formação de lojas virtuais para a indústria, alianças com programas de suporte a pacientes e operadoras de saúde.
Os números trazem ainda mais estímulos para esse mercado. Pesquisa do IDC no início deste mês de setembro, a pedido da plataforma de comunicação Infobip, apontou que 88% dos brasileiros já fazem compras online – o maior índice na América Latina – e 28% vão aumentar para duas ou três vezes a frequência de consumo. Cosméticos/perfumaria (47,1%) e farmácia/remédios (42,5%) aparecem entre as cinco categorias com maior assiduidade.
Melhoria da jornada de compra e vitrine para a indústria
A Farmadelivery foi pioneira ao vislumbrar o potencial do segmento há 16 anos. A demanda a partir da pandemia e a venda para a InvestFarma, concretizada em setembro de 2020, aceleraram o ritmo de crescimento. “Atingimos o recorde de 5,2 mil cidades atendidas e 50 mil SKUs em portfólio, com a inclusão de 10,7 mil itens nos últimos 12 meses até agosto, especialmente dermocosméticos e produtos para imunidade”, declara o diretor de negócios Rodrigo Cesar Santos.
Atualmente, a companhia prepara novos recursos para aprimorar a experiência de compra e triplicar o volume de acessos, por meio de um app com notificações via WhatsApp e pagamento por PIX, somado a programas de inteligência artificial e big data. O grupo também conversa com consultorias para atrair startups focadas em soluções logísticas e reduzir custos com fretes. É uma saída considerada mais eficiente do que descentralizar a distribuição, hoje concentrada no CD de 6 mil m² em Santo André (SP).
A plataforma investe ainda na criativa formação de sublojas virtuais para laboratórios como Apsen, Megalabs, Myralis e Roche, em troca de uma participação nas vendas. “Já temos dez projetos do gênero, que funcionam como uma vitrine para a indústria farmacêutica e contribuem para alavancar a exposição digital desse setor”, comenta.
Marketplace nacional
Cerca de 100 farmácias de pequeno e médio porte utilizam os serviços da Farmazon, que agora retoma o projeto de formar um marketplace nacional do varejo farmacêutico. Em 2019, a startup carioca planejava levar seu aplicativo para mais de 800 farmácias. A pandemia adiou a decisão, mas um aporte de R$ 2 milhões da agência de conteúdo Take4Content, no fim do ano passado, redobrou o fôlego.
A empresa foi fundada pelo casal Rodrigo Robledo e Líria Knutti. Por meio de algoritmos, conecta o consumidor a entregadores e estes ao estabelecimento mais próximo. A meta é que os remédios isentos de prescrição, artigos de higiene pessoal e cosmética cheguem aos clientes em cerca de 40 minutos. “Temos um sistema de localização automatizada, mas com uma etapa manual e personalizada. Por meio de um call center, a equipe confirma as informações, triangula a operação e monitora os pedidos. E dispomos do suporte farmacêutico para tirar eventuais dúvidas por telefone”, destaca Robledo.
Foco na adesão do paciente
A Far.me começou operações em 2018 por iniciativa de três farmacêuticas, entre elas Samilla Dornellas. Mas em vez de atuar como uma mera farmácia online, a startup mineira mirou no cuidado ao paciente polimedicado e que utiliza remédios contínuos. Criou um plano de assinatura mensal de medicamentos e desenvolveu uma caixa personalizada, com os fármacos separados em sachês por dia, horário e dose. A estratégia despertou a atenção da Viveo, que liderou uma rodada de aporte na empresa, o que marcou sua entrada no segmento B2C.
Presente nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte e São Paulo, a Far.Me assegura a entrega em até 24 horas com apoio de um CD próprio na capital mineira e sistemas próprios de geolocalização. A empresa apostou nos convênios com a saúde suplementar e programas de suporte a pacientes da indústria farmacêutica, totalizando 9 mil usuários. “Também construímos integrações com ferramentas de prescrição digital, o que nos permite acesso pleno ao histórico do paciente e o monitoramento de ponta a ponta”, explica Samilla.
Novo player
O advento do varejo digital abre espaço também para novos players. Fruto de um investimento projetado em mais de R$ 32 milhões nos dois primeiros anos, a Qualidoc é mais um negócio da família Arede, fundadora da Drogaria Onofre. A farmácia online nasceu em julho deste ano em São Paulo com ações comerciais agressivas, incluindo a venda de medicamentos e artigos de higiene e beleza a preço de custo.
A empresa também colocou em prática recursos como uma tabela comparativa de preços dos websites das principais redes de farmácias, a economia média em cada compra e o histórico anual, a notificação instantânea sobre a falta de um produto no mercado ou sua descontinuidade e um modelo de cashback em diversos itens de perfumaria. “Possibilitamos a entrega expressa com couriers próprios, em uma hora na capital paulista e frete grátis, sem valor mínimo para todo o estado de São Paulo”, pontua o CEO Sandro Angélico.
O grupo firmou parcerias com programas de suporte de farmacêuticas como Bayer, FQM, Novo Nordisk e Pfizer. O portfólio reúne mais de 10 mil itens, incluindo medicamentos controlados e termolábeis com retirada de receita gratuitamente. “Para medicamentos com retenção obrigatória da receita médica, nós vamos até o cliente buscar a receita sem custo”, afirma.
Fonte: Panorama Farmacêutico