Por Ana Luiza de Carvalho | A RaiaDrogasil espera que, com o novo centro de distribuição em Manaus, a logística no Amazonas seja realizada por outros modais de transporte além do aéreo. Segundo a companhia, após a inauguração, será possível baratear custos.
A empresa também vai inaugurar um centro de distribuição em Belém, e a expectativa é de que esse novo CD na capital paraense — ou o já existente em Goiás — abasteça a unidade do Amazonas.
O diretor-presidente da companhia, Eugênio de Zagottis, afirma que o modelo do Amazonas é novo e pode ser replicado em outros Estados, a depender dos resultados da experiência. “Temos mercados pequenos, como Piauí, que, por não terem centro de distribuição local, têm desvantagem tributária”, afirmou na teleconferência de resultados do terceiro trimestre.
A rede de drogarias alcançou participação de 8,9% na região Norte do país no último trimestre, ante participação de 7,1% no mesmo período de 2022.
Apesar do recente crescimento, a companhia aponta que a abertura de lojas na região não é prioridade para o plano de expansão. A expectativa é de que São Paulo, onde a companhia nasceu, volte a receber um massivo volume de aberturas nos próximos trimestres.
“O número de lojas que vamos abrir no Norte em relação ao que temos hoje é desproporcional, mas não em relação ao plano de expansão”, afirmou Zagottis.
A RaiaDrogasil teve lucro de R$ 268,1 milhões no terceiro trimestre, alta de 22% em relação ao mesmo período de 2022. A receita líquida avançou 15,8% no comparativo anual, para R$ 8,67 bilhões.
Se fosse RD Digital fosse uma empresa à parte, seria quinta maior do setor no Brasil
Caso fossem uma operação apartada, as operações digitais da Raia Drogasil representariam a quinta maior empresa do setor no país, de acordo com a diretoria da companhia.
O aplicativo reúne 60% da demanda da RD Digital, ao oferecer um mix “absolutamente único no Brasil”. Já as compras por computador representam aproximadamente 10% do total, patamar considerado baixo.
“O cliente web é o pior cliente possível, que só está comprando por preço após pesquisar, enquanto o cliente do aplicativo é um cliente recorrente”, compara.
Essa forte expansão em canais digitais também representa uma dinâmica diferenciada de despesas. Uma redução de custos, por exemplo, envolveria a renegociação de contratos de tecnologia para hospedagem em nuvem.
“Despesas gerais e administrativas não devem mudar. Não vamos reduzir despesa ‘na marretada’, porque alguém acha que tem que reduzir”, afirma Zaggotis.
As despesas gerais e administrativas da Raia Drogasil no último trimestre somaram R$ 333,7 milhões, ante R$ 284,1 milhões no mesmo período de 2022. Em relação à receita bruta, a participação ficou estável em 36%.
Já as despesas com vendas passaram de R$ 1,39 bilhão no terceiro trimestre de 2022 para R$ 1,6 bilhão, mas a relação para a receita bruta caiu de 17,5% pata 17,2%.
Os executivos apontam ainda que as operações de televenda “quase não existem” para a Raia Drogasil, enquanto para concorrentes representam aproximadamente 25% das vendas.
Inverno mais ameno impactou vendas de medicamentos sem prescrição
O inverno mais ameno que o habitual impactou as vendas de medicamentos sem prescrição (OTC, na sigla em inglês), de acordo com a Raia Drogasil.
Segundo o relatório de resultados da companhia, as vendas dos medicamentos isentos de prescrição avançaram 8,5% no comparativo anual, representando 20,6% do mix de vendas de varejo. No terceiro trimestre de 2022, a participação era de 21,6%.
O ritmo de crescimento foi inferior ao de categorias como medicamentos de marca, com alta de 12% ante o terceiro trimestre de 2022; genéricos, que avançaram 12,6% no comparativo anual; e perfumaria, com salto de 21,1% nas vendas.
De acordo com a Raia Drogasil, no terceiro trimestre de 2022 a demanda por testes de covid-19, antibióticos e “outros produtos sazonais” estava mais alta, o que criou uma forte base de comparação para o mesmo trimestre deste ano.
Os executivos afirmam ainda que, excluindo os chamados “itens pandêmicos” como testes para covid-19, houve avanço na participação da marca própria. Sem ajustes, a participação de vendas de marca própria na rede ficou estável no comparativo a 2022.
Fonte: Valor Econômico