Após fechar o ano passado com prejuízo de R$ 200 milhões e receita estável em R$ 2 bilhões, o Grupo SBF, dono da rede de artigos esportivos Centauro, abriu o ano de 2016 com vendas em queda. Afetada pela crise no consumo, a rede fez ajustes para evitar piora nos indicadores e tentar proteger rentabilidade.
Segundo o comando da companhia, um projeto de revisão de gastos – com demissões, fechamentos de lojas e renegociação de aluguéis de pontos – levou a uma redução de cerca de 20% nas despesas operacionais no primeiro trimestre de 2016 sobre o ano anterior. A empresa tem diminuído de tamanho para ser “mais eficiente”, disse Pedro Zemel, seu principal-executivo.
“Esses ajustes levaram inicialmente a um aumento das despesas em 2015, especialmente no fim do ano passado, mas no primeiro trimestre já não carregávamos mais parte dos custos. A receita líquida caiu um dígito no início do ano, mas as despesas caíram mais, cerca de 20%”, afirmou Zemel.
Com a estratégia, a empresa segue o caminho de outras redes de varejo no país, que têm revisto suas estruturas – sob risco de afetar o nível de serviço – para recuperar resultados. Foram fechadas 32 lojas da rede By Tennis, marca do grupo SBF, e 10 permaneceram abertas. A maior parte dos fechamentos ocorreu no quarto trimestre de 2015. A empresa ainda abriu negociações com grandes grupos de shopping centers para rever valores de contratos de locação. BRMalls, General Shopping e Aliansce teriam sido procuradas pela rede para buscar acordos, apurou o Valor. Também foram revistos gastos com marketing.
O grupo SBF encerrou 2015 com prejuízo de R$ 203 milhões, versus lucro líquido de R$ 46 milhões em 2014. A alta das taxas de juros no ano passado pressionou as despesas financeiras da companhia (que subiram 38%) e isso também afetou o lucro.
A receita bruta caiu quase 2%, para R$ 2,58 bilhões em 2015. A receita líquida ficou estável em R$ 2 bilhões nos dois anos. As vendas em “mesmas lojas” (que operam há mais de 12 meses), praticamente não subiram – alta de 0,2%-, mostrando que o ritmo de vendas de pontos novos e mais antigos se equiparou. Com as redes Centauro e ByTennis, são 197 unidades hoje.
O balanço de 2015 mostra que o aumento nos custos das vendas em torno de cerca de 15% – acima da velocidade de crescimento da receita – fez o lucro bruto cair de R$ 1 bilhão em 2014 para R$ 852 milhões em 2015.
Despesas operacionais subiram 2%, também acima da receita, e com isso, o lucro operacional diminuiu de R$ 186 milhões para R$ 22 milhões. Segundo Zemel, a despesas se expandiram na faixa um dígito em parte porque algumas revisões de custos começaram a trazer economias em 2015. “Mas a expectativa é que esse impacto positivo fique mais claro neste an0”.
O caixa da empresa teve aumento de 20%, para R$ 180 milhões no ano passado. O volume de empréstimos e financiamentos caiu de quase R$ 300 milhões para R$ 280,5 milhões. “Pagamos dívidas e isso reduziu essa linha, mas ainda geramos algum caixa no ano, por isso esse ligeiro aumento no saldo final de caixa”.
A empresa entrou este ano com redução considerável de estoque, segundo o balanço, eliminando excesso de mercadorias por meio de ofertas e descontos. “Transformamos algumas lojas em outlets temporários. Desovamos muita coisa com baixo giro, isso comprometeu margem. Mas precisávamos reverter isso neste ano. Houve ganho de margem bruta no primeiro trimestre”, diz o executivo, sem informar a taxa.
Esse ganho veio de um esforço maior de vendas nas lojas e no site da Centauro de mercadorias com rentabilidade maior, e não necessariamente que custam mais. Com base nos dados do relatório financeiro, a margem bruta do grupo caiu de pouco mais de 38,5% em 2014 para 33% em 2015. A conta de estoques passou de R$ 528 milhões para R$ 307 milhões.