Em fevereiro deste ano, os sellers do marketplace do Magazine Luiza venderam mais que as lojas físicas pela primeira vez. Em 2021, varejista, avançou em categorias como esportes, beleza, supermercado e serviços financeiros
Por Moacir Drska
Diante de um cenário econômico desafiador, como o aumento na taxa de juros e perda de compra do consumidor, entre outras questões críticas, os principais varejistas brasileiros têm sofrido para conseguir um bom desempenho.
Isso não tem sido diferente no Magazine Luiza, apesar de suas vendas totais mais do que dobrarem de tamanho no período de 2019 a 2021, atigindo quase R$ 56 bilhões em 2021. Mas um dado chamada atenção.
No ano passado, o volume transacionado no marketplace ficou a menos de R$ 3 bilhões do GMV de R$ 15,8 bilhões das lojas físicas no período. Agora, em 2022, essa linha foi quebrada.
“Agora, em fevereiro, foi a primeira vez que o nosso marketplace vendeu mais que as lojas físicas”, afirma Eduardo Galanternick, vice-presidente de negócios do Magazine Luiza, ao NeoFeed. Vista como o maior motor de crescimento futuro da rede, a plataforma encerrou 2021 com uma base de 160 mil sellers e mais de 60 milhões de ofertas disponíveis.
O GMV online, que inclui as vendas próprias e a do marketplace, foi de R$ 39,7 bilhões, altas de 39% e 221%, respectivamente, sobre 2020 e 2019. O marketplace foi o destaque, com crescimento de 69% e de 332%, nas mesmas bases de comparação.
“Estamos convictos de que o cenário de curto prazo tem questões conjunturais, que exigem soluções conjunturais e ajustes táticos”, diz Galanternick. `À parte desse contexto, ele ressalta:
“Para nós, está muito claro que somos a mesma empresa de seis meses atrás, porém, melhorada”, afirma Galanternick. “Nossa crença de como tocar o negócio não muda e fizemos muitos avanços na nossa estratégia.”
O executivo recorre a alguns números registrados pelo Magazine Luiza em 2021 para sinalizar os avanços da varejista, mesmo sob esse contexto. O volume de mercadorias transacionado em todos os canais do grupo no ano cresceu 28%, comparado a 2020, e 104%, sobre 2019, para R$ 55,6 bilhões.
Mais do que o crescimento do marketplace dentro desse bolo, um dos pontos ressaltados foi a diversificação dos negócios, com novas categorias ganhando mais peso no resultado e representando quase 45% do GMV no ano.
O segmento de esporte, com a Netshoes, por exemplo, reportou um GVM superior a R$ 5 bilhões, com um lucro de R$ 135 milhões. O de beleza, com a Época Cosméticos, vendeu mais de R$ 1 bilhão, assim como Mercados, e delivery, essa última, fruto da aquisição da AIQFome, em setembro de 2020.
“E ainda temos KaBuM!, de games, que gerou R$ 4 bilhões de GMV e R$ 300 milhões de lucro no ano, mas cujos números no balanço se referem apenas ao mês de dezembro”, diz Galanternick. “Isso perfaz quase R$ 20 bilhões de novas categorias, que ainda estão em amadurecimento e têm bastante fôlego para gerar resultados.”
Outra vertente destacada foi a de fintechs, que encerrou o ano com um volume transacional (TPV) de R$ 65 bilhões, dos quais, R$ 41 bilhões vieram de cartões de crédito. Nessa operação, o Magazine Luiza chegou a 7,2 milhões de cartões emitidos, contra 5,3 milhões, um ano antes, e a uma carteira de crédito de R$ 17,5 bilhões.
“Nosso ecossistema contribui em fintechs com escala e essa área já está retornando com monetização e receita”, diz Vanessa Rossini, gerente de relações com investidores do Magazine Luiza. “Aqui, nosso plano é seguir oferecendo conta digital, crédito e cartão, para os sellers, e, nos consumidores, expandir a base de cartões de crédito.”
No mercado de capitais, no entanto, os números do Magazine Luiza ainda não replicam essas novas frentes. As ações da empresa encerraram o pregão na B3 cotadas a R$ 5,33, um recuo de 6,33% sobre o preço de fechamento da sexta-feira, 11 de fevereiro.
Nesse ano, os papéis da varejista, avaliada em R$ 35,1 bilhões, acumulam uma queda de 26,17%.
A desvalorização dá sequência ao roteiro percorrido em 2021, quando o grupo, até pouco tempo uma das meninas dos olhos dos investidores, viu o preço das suas ações despencar 71%.
Referentes ao quarto trimestre e ao ano de 2021, os resultados divulgados na noite desta segunda-feira, após o fechamento do pregão mostram os impactos do cenário atual na operação da varejista.
Entre outubro e dezembro, o lucro líquido recuou 57,6%, para R$ 93 milhões. No ano, a última linha do balanço teve crescimento de 50,8%, para R$ 590,7 milhões. A empresa reportou prejuízo líquido ajustado de R$ 79 milhões no quarto trimestre e um recuo de 69,8% nesse indicador em 2021, para R$ 114,2 milhões.
A receita líquida caiu 6,6% no último trimestre, para R$ 9,4 bilhões, enquanto, no ano, cresceu 20,9%, para R$ 35,2 bilhões.
O Ebitda, por sua vez, foi negativo em R$ 7,9 milhões entre outubro e dezembro, contra a cifra de R$ 504,7 milhões registrada um ano antes. No ano consolidado, o Ebitda recuou 15,7%, para R$ 1,28 bilhão. A margem Ebitda ficou negativa, em 0,1%, contra 5% no quarto trimestre de 2020. Já em 2021, a margem foi de 3,6%, contra 5,2%, em 2020.
Fonte: Neofeed