Os gastos e investimentos no Comércio Eletrônico no Brasil registraram, em média, um crescimento de 103% nos últimos dez anos. É o que revela a 18ª Pesquisa de Comércio Eletrônico no Mercado Brasileiro, organizada pelo Centro de Tecnologia de Informação Aplicada (GVcia) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EAESP). O estudo aponta ainda que as transações negócio-a-negócio, conhecidas como B2B, e negócio-a-consumidor (B2C) também aumentaram em uma década – 128% e 279%, respectivamente.
Coordenado pelo professor Alberto Luiz Albertin, o estudo, feito desde 1998 e considerado uma referência na área de comércio eletrônico, contou com a participação de 532 empresas de vários setores econômicos, ramos de atividades e portes. As organizações, tanto nacionais como multinacionais, operam no mercado brasileiro e atuam em diversos níveis no ambiente digital. O estudo destaca:
Mercado consolidado: as empresas vêm tendo sucesso e investindo de forma significativa e crescente neste novo ambiente. O Comércio eletrônico no Brasil está totalmente consolidado e é parte importante do mercado. O crescimento em relação ao ano passado foi observado tanto nas transações negócio-a-negócio (+2,83%) como nas transações negócio-a-consumidor (+5,01%), mesmo com ambiente influenciado negativamente pela crise econômica.
Principais usos e contribuições do comércio eletrônico nas empresas: As empresas avaliam que as principais contribuições de comércio eletrônico (CE) estão relacionadas com a melhoria das novas oportunidades de negócio, sua utilização como estratégias competitivas mais efetivas e aprimoramento do relacionamento com os clientes. O principal foco continua sendo os clientes: 97% das empresas de CE usam a web para alguma parte ou tipo de relacionamento com cliente. Mas o crescimento maior foi na cadeia de suprimentos.
Investimentos: Os gastos e investimentos de comércio eletrônico cresceram, em média, 103% nos últimos 10 anos. “As empresas estão utilizando cada vez mais a infraestrutura de Internet e das aplicações de comércio eletrônico como meio para a realização de seus processos de negócio, com clara predominância daqueles relativos ao atendimento a cliente”, explica Albertin. As empresas pesquisadas apontaram crescimentos nos seus níveis de gastos e investimentos menores que nos últimos anos, mas mesmo assim atingiram a média geral de 2,26% do faturamento líquido das empresas, de 0,67% no setor indústria, 2,12% no de Comércio e 3,31% no de Serviços. O crescimento foi significativamente menor em relação ao ano anterior devido à crise econômica de 2015.
Valores: As transações de negócio-a-negócio representam 76,18% do valor do mercado total, e 48,18% para negócio-a-consumidor. “Os índices confirmam a evolução do comércio eletrônico e que a tendência é de crescimento, agora mais efetivo e buscando retornos dos investimentos realizados”, afirma o professor.
Atendimento ao cliente: As empresas continuam utilizando as aplicações de comércio eletrônico principalmente nos processos de atendimento a cliente referentes a recebimento de pedidos, obtenção de informações sobre necessidades e preferências, e suporte a utilização de produtos e serviços. Em relação aos processos de cadeia de suprimentos, a maior utilização é para solicitação de suprimentos e envio de pagamento.
Principais aspectos do comércio eletrônico para empresas: As empresas continuam avaliando como mais importantes os aspectos de alinhamento estratégico, relacionamento com clientes, adoção de clientes, comprometimento, e privacidade e segurança. Pela primeira vez, o aspecto de alinhamento estratégico foi considerado como o mais importante para as empresas.
Serviços: O setor de serviços apresenta um índice de gastos e investimentos em TI e CE, em relação à receita líquida, maior do que os demais setores. Essa situação é explicada pela participação dos bancos neste setor.
Indústria: O setor de indústria foi o que apresentou o maior crescimento na utilização do CE no seu relacionamento com fornecedores, sendo que esta situação é bastante influenciada pelo aumento da utilização de aplicações de CE nos processos relativos à cadeia de suprimentos.
Comércio: O setor de comércio apresentou um índice maior em relação à proporção dos gastos e investimentos em TI e CE. Esta situação é adequada em relação às características deste setor e dos produtos e serviços por ele transacionados.
Cadeia de suprimentos: Os processos de cadeia de suprimentos são os que apresentam crescimentos maiores, de forma coerente com a atenção que as empresas deram aos processos de e-procurement e logística, principalmente para materiais indiretos. Nestes processos, destaca-se o subprocesso de solicitação de suprimentos.