Por Leandro Luize – A Nissei, oitava maior rede do varejo farmacêutico nacional, traçou um plano milionário para sair das fronteiras do Paraná e elegeu São Paulo como principal alvo da expansão.
Para sustentar esse projeto, a varejista conta com um aporte de R$ 250 milhões. A captação do investimento foi possível a partir de um processo de oferta pública de distribuição de certificados de recebíveis imobiliários (CRI). Os CRIs são títulos de crédito de renda fixa, utilizados para financiar transações do mercado imobiliário.
“Em 2017, a Nissei iniciou projeto para acelerar seu crescimento de forma sustentável, o que incluía a readequação da estrutura de capital da companhia. O CRI permite alongar ainda mais as dívidas e reduzir seu custo financeiro”, relata André Lissner, CFO e diretor de relações com investidores. As dívidas da Nissei estão próximas de R$ 442 milhões.
Nissei mira expansão orgânica após desistir de IPO
A expansão orgânica parece mesmo ser o novo alicerce do crescimento do grupo, após o insucesso na tentativa de IPO. Em agosto de 2020, a rede contratou os bancos Bank of America, BTG Pactual, Itaú BBA e Safra para coordenar a operação de abertura de capital.
A intenção era obter R$ 1 bilhão, aproveitando a temporada de juros baixos no auge da pandemia. A emissão de ações seria uma opção mais barata que a busca por crédito bancário, mais escasso no período. Mas em janeiro de 2021, a rede já suspendeu o processo com a tendência de alta dos juros e a maior volatilidade do mercado financeiro.
Desde então, a Nissei lançou suas fichas na abertura de PDVs, cujo número cresceu 14% em média nos últimos três anos. Hoje a rede já administra 362 lojas, mas o Paraná ainda responde por 85% dessas unidades. A empresa ainda atua em Santa Catarina e São Paulo, mas é o território paulista que está na alça de mira.
A varejista opera em São Paulo com 39 lojas, mas todas concentradas no interior, em municípios como Bauru, Presidente Prudente e Ribeirão Preto. O market share no estado é de 5,56%.
“No momento estamos focando o interior de São Paulo, seja abrindo lojas em novas cidades ou nos adensando onde já estamos presentes. O litoral está sendo estudado pela companhia e a capital sempre é algo que avaliamos, seja por meio de lojas físicas ou via digital”, afirma o CEO Alexandre Maeoka.
Nissei mira compra de lojas da Poupafarma
Além de erguer novos pontos, uma das prioridades passa pela aquisição de unidades já existentes. É o caso de 55 lojas da Poupafarma, que já receberam da Nissei uma oferta de compra de R$ 18,9 milhões. Fontes do mercado cravam que a Poupafarma, atualmente em recuperação judicial, deve aceitar o negócio, mas ainda pleiteia um valor maior.
“Essa é uma das oportunidades de acelerar nosso crescimento e que entendemos convergir com o plano estratégico da Nissei. Apesar de focarmos o crescimento orgânico, as aquisições que fizerem sentido serão sempre avaliadas com muito carinho”, complementa Maeoka.
Fundada em 1986 pela família Maeoka, a companhia acelerou sua expansão principalmente a partir de 2018, após uma emissão de debêntures de R$ 153 milhões que abasteceu o caixa. Na época, o total de lojas chegava a 262.
No ano passado, a Nissei entrou para o seleto grupo de farmácias com faturamento acima da casa de R$ 2 bilhões. Somente oito redes do país ocupam esse patamar. A receita de R$ 2,34 bi foi 18% superior à de 2021. No entanto, ainda busca reduzir a distância para a sexta e sétima colocadas no ranking, respectivamente a Drogaria Araújo e a Clamed.
Fonte: Panorama Farmacêutico