A empresa deve começar a vender produtos na loja virtual da Amaro. A maior parte das vendas da marca hoje ainda estão no atacado distribuidor no país (58%) e o restante (42%) são as vendas diretas
Por Adriana Matos
A Nike precisa explorar melhor o mercado de produtos esportivos para mulheres no Brasil e entende que tem de acelerar parcerias com outros sites e marketplaces, após acordo com o Mercado Livre, fechado em outubro de 2021. A empresa deve começar a vender produtos na loja virtual da Amaro, disse hoje Karsten Koehler, vice-presidente da Fisia, distribuidora oficial da Nike no Brasil e braço de negócios do grupo SBF.
O Grupo SBF, dono da Centauro, tem nesta manhã o evento anual com investidores e analistas, no Museu do Futebol, em São Paulo.
Considerando o grupo como um todo (Centauro e Fisia, sem contar negócios do braço de startups e eventuais aquisições), o comando ainda disse hoje que estima dobrar receita e multiplicar por quatro o lucro líquido em quatro anos.
Nike no Brasil
“A Nike no Brasil é só 20% maior que seu competidor [direto] no Brasil e no México ela é duas vezes maior e nos EUA, três vezes maior. Há uma subpenetração em determinadas categorias”, afirmou ele, reforçando que houve avanços após o acordo entre SBF e Nike, fechado em 2019.
O executivo da Fisia diz que a maior parte das vendas da marca hoje ainda estão no atacado distribuidor no país (58%) e o restante (42%) são as vendas diretas, e a ideia é que esse segundo grupo passe a ser maioria — ele não mencionou prazo.
“A margem de venda direta é duas vezes maior que a margem no atacado”, disse o presidente do grupo, Pedro Zemel.
“As principais alavancas hoje de crescimento da Fisia são direct to consumer [venda direta em lojas próprias] e abertura de lojas. É difícil uma consumidora mulher ir a um shopping e sair com produto da Nike hoje. A Nike Store [unidades próprias] vem para ocupar esse espaço”, disse.
A respeito de aberturas, a Fisia projeta 50 inaugurações de lojas da Nike Store (formato tradicional, em shoppings) nos próximos anos, sem especificar período (na Argentina hoje são 20). No Brasil, não há nenhuma unidade ainda e há hoje projeção de abertura, em 2022, de cinco unidades da Nike Store.
Koehler citou o modelo em operação na América do Sul para ser trazido ao país, com diferentes experiências ao cliente no local.
O executivo citou a abertura neste ano da unidade no Shopping Ibirapuera, em São Paulo (com 30 metros de fachada), no Rio Grande do Sul, e no Rio de Janeiro, além de uma no Nordeste e no Centro-Oeste.
A respeito do braço de unidades de outlets, da Nike Value Store, são 22 unidades hoje. “Na China, há 6 mil lojas, e vemos potencial de mil lojas [no Brasil]”, disse o executivo.
Depois que a Nike fechou o acordo com a SBF, dona da Centauro, a taxa de crescimento anual da marca passou de 22% para 72% (índice após 2019).
Sobre novos acordos, a possibilidade de expansão para novos marketplaces, se avançar, pode ser uma mudança de postura da operação. Por anos, e antes da associação com o Grupo SBF, a Nike era pouco aberta a parcerias desse tipo no Brasil pela preocupação com a marca. Marketplaces no Brasil vendem vários produtos e de diferentes empresas, e alguns (especialmente as plataformas asiáticas) vêm sendo alvo de críticas pela exposição de produtos pirateados. A ideia da Fisia é expor a Nike em marketplaces com rígidos controles na venda de produtos não oficiais.
“Vamos nos conectar com mais provedores, outros ‘players’ além de Mercado Livre”, disse Koehler a analistas.
A respeito da projeção de dobrar receita e quadruplicar lucro no Grupo SBF até fim de 2026, analistas perguntaram detalhes a Zemel, que preferiu não comentar. “A dubiedade [da divulgação da projeção] é proposital. Não podemos falar mais que isso.”
Na rede Centauro, a empresa disse no evento que há 160 shoppings mapeados para futuras aberturas e há 100 cidades com de 100 a 150 mil habitantes que podem receber uma loja. Em março, eram 230 unidades da rede, incluindo lojas tradicionais e novos modelos.
Fonte: Valor Econômico