O programa Nike Grind trabalha com sapatilhas usadas e alguns resíduos da produção de calçado desportivo para desenvolver materiais para outros fins, como pisos de ginásio, superfícies de recreio e outros produtos. No início deste ano, a H&M revelou a coleção de vestuário Conscious Exclusive que incorpora o bionic, um tecido de poliéster sustentável fabricado a partir de resíduos plásticos recolhidos da zona costeira.
Numa primeira fase, a Circular Fibres initiative vai realizar uma análise da indústria têxtil, em parceria com a McKinsey, para mapear a intervenção do vestuário na economia global. Esse relatório deverá ser publicado no outono, segundo a fundação.
Consumidores conscientes
A indústria da moda, particularmente a da moda rápida e respetivo modelo de negócios, tem por base a descartabilidade das roupas pelos consumidores, impactando negativamente no meio ambiente.
No entanto, os consumidores, particularmente os mais jovens, estão cada vez mais preocupados com a forma como o meio ambiente é afetado pela produção dos artigos que compram e a moda tem respondido de várias formas – reduzindo a quantidade de água utilizada na produção, por exemplo, ou instituindo programas de reciclagem como os da Nike e da H&M.
Os millennials e a geração Z, particularmente, exigem transparência, sustentabilidade e um comportamento corporativo ético a todas as marcas, independentemente do seu segmento.
«A influência social, incluindo as redes sociais, também ajudou as marcas a promoverem práticas mais sustentáveis», afirma Emily Bezzant, analista da plataforma de tecnologia de retalho Edited, em declarações ao Retail Dive. «Marcas como a H&M procuraram equilibrar a moda rápida com a sustentabilidade através da linha Conscious, que não só mostra a sua consciência e cuidado com o meio ambiente, mas também ajuda na construção da sua imagem de marca», explica.
Repensar modelos
A H&M apresenta-se como um dos maiores utilizadores de poliéster reciclado do mundo e está entre os maiores compradores de algodão orgânico. A retalhista pretende utilizar exclusivamente algodão de origem sustentável até 2030 (ver H&M 100% sustentável em 2030).
«A nossa visão 100% circular e o nosso objetivo de usar apenas materiais reciclados ou outros materiais sustentáveis até 2030 desempenham um papel fundamental na nossa agenda de sustentabilidade. Estamos cientes de que a nossa visão significa uma grande mudança em como a moda é feita hoje e, se quisermos assumir a liderança neste desafio, a colaboração e a aceleração da inovação e de sistemas circulares em conjunto com a indústria é crucial», destaca Anna Gedde, responsável de sustentabilidade no grupo H&M.
Não obstante, a H&M tem um passado duvidoso no que diz respeito à ecologia. Em 2010, um outlet de Manhattan da H&M destruía e descartava as roupas que não eram vendidas. A empresa respondeu à controvérsia resultante com a implementação da Garment Collecting Initiative, que dava vales aos consumidores que deixavam as suas roupas indesejadas em lojas H&M. De seguida, a H&M estreou a Close the Loop, uma linha de denim em parte produzida a partir de algodão reciclado recolhido através dos donativos da Garment Collecting Initiative.
Os rivais
Nos esforços das arquirrivais, a Zara revelou a coleção Join Life (ver Zara e Mango comprometidas), produzida a partir de materiais que respeitam o bem-estar animal e o meio ambiente, com o algodão orgânico, a lã reciclada e o liocel a dominarem as propostas. Já a Adidas tem procurado tornar-se ambientalmente mais amigável nas suas práticas produtivas. No mês passado, a gigante desportiva apresentou as novas edições das UltraBOOST, UltraBOOST X e UltraBoost Uncaged feitas de resíduos plásticos recolhidos nos oceanos.
Fonte: Portugal Têxtil