O comando do Magazine Luiza disse nesta terça-feira que não entrará em maiores detalhes sobre a compra da Netshoes, operação que ainda não foi concluída e depende de aprovação de dois terços da assembleia de acionistas da Netshoes. Mas o presidente, Frederico Trajano, afirmou que o negócio, se concluído, irá ampliar o número de produtos on-line à venda em seu site, tanto no marketplace (shopping virtual) quanto na venda direta.
O executivo ainda mencionou a equipe talentosa da Netshoes — uma das expectativas do mercado é que ganhos de sinergia levem à corte de pessoal na Netshoes. A equipe de tecnologia da empresa é menor do que a do Magazine Luiza, segundo dados das duas empresas publicados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e na Securities and Exchange Commission (SEC), órgãos reguladores do mercado de capitais no Brasil e nos Estados Unidos, respectivamente.
O Magazine Luiza deu alguns detalhes dos serviços de entrega de produtos para lojistas do marketplace e da plataforma de pagamentos que lojistas usam no site (ele oferece antecipação de recebíveis). O Magalu Entrega tem 53% dos lojistas do marketplace e o Magalu Pagamentos atende hoje 3.750 lojistas do marketplace.
A diretoria ainda informou que a companhia mais que dobrou investimentos no primeiro trimestre, com foco em tecnologia. A operação de marketplace , inclusive, deverá ser “a mola propulsora” de crescimento da empresa no futuro, disse Trajano. Sobre resultados na operação on-line, o executivo mencionou que, hoje, o prazo de entrega é mais importante que preço na conversão de tráfego em venda no site.
Lojas físicas
O Magazine Luiza decidiu acelerar aberturas de lojas no último ano — foram pouco mais de 100 aberturas em um ano. A diretoria financeira mencionou que a queda da margem bruta no primeiro trimestre refletiu, especialmente, o fim da Lei do Bem (que isentou alguns produtos de impostos por certo tempo). A margem bruta caiu de 28,9% para 28%.
A empresa afirmou que decidiu não repassar aumentos de preços na categoria de telefonia e tablets com o fim da “Lei do Bem”. A norma que determinava isenção de PIS e Cofns sobre faturamento desses produtos perdeu a validade em janeiro, o que tende a elevar preços das mercadorias.
“Desde janeiro tivemos o fim da Lei do Bem, que leva a uma retomada da cobrança de PIS/Cofins sobre o faturamento de alguns produtos super importantes para nós, como os smartphones. Durante o primeiro trimestre, percebemos que a maioria dos nossos concorrentes não repassou esse aumento de impostos. Por isso e por nosso foco maior em crescimento de vendas, não repassamos integralmente o valor do imposto para o preço final dos produtos, com consequente impacto na margem bruta, que foi atenuado pela receita de serviços com destaque para o marketplace”, disse Frederico Trajano, presidente do Magazine.
A varejista deu mais detalhes sobre a negociação com os controladores da rede Armazém Paraíba. O Magazine adquiriu o direito de uso de 48 pontos da empresa no Maranhão e Pará. A empresa destacou que não adquiriu as lojas, mas o direito de uso das unidades. A direção do Magazine Luiza disse que pagou pouco menos de R$ 1 milhão pelo direito de uso das lojas do Armazem Paraíba — cerca de R$ 44 milhões por 48 pontos, em linha com preço de criação de novas lojas da rede.
Magazine Luiza ainda mencionou atingirá pouco mais de mil lojas com a compra do direito de explorar os pontos da rede Armazém Paraíba — o direito envolve 48 unidades e a empresa fechou março com 959 pontos.
A empresa publicou ontem dados do primeiro trimestre, com queda de 10% no lucro líquido e alta de 19,8% na receita líquida.
Fonte: Valor Econômico