A Nestlé faz uma investida direta no varejo brasileiro para fortalecer o negócio voltado ao mercado empresarial, categoria que hoje representa 7% de suas vendas totais no país. A multinacional começou a buscar neste ano empreendedores para abrir cafeterias com a bandeira “by Nescafé”. Até o momento, 14 cafeterias no país já adotaram a marca. A meta da Nestlé é fechar 2019 com 70 unidades. Até o fim de 2020, seriam 200 lojas.
“O desafio é chegar a 1 mil lojas no longo prazo”, diz Marcelo Citrângulo, diretor da área Nestlé Professional. O executivo não deu prazo para essa meta.
Há cerca de 3,5 mil cafeterias no Brasil, segundo a Euromonitor International. Juntas, elas respondem por 33% do café consumido no país. O mercado de cafeterias movimentou R$ 1,01 bilhão em 2018, com crescimento de 2,2% em relação a 2017. A expansão até 2023 é estimada em 25,1%, chegando a R$ 1,27 bilhão. O McDonald’s lidera a categoria, com fatia de 25,8%. Em seguida estão as redes Starbucks (15,9%), Fran’s Café (14,5%) e Grão Espresso (11,4%).
Por enquanto, as cafeterias Nescafé estão nos aeroportos de Congonhas, em São Paulo, Guarulhos (SP), Santos Dumont (no Rio de Janeiro), Vitória, Fortaleza e Recife. A empresa avalia pontos com alta circulação de pessoas como aeroportos, universidades e shopping centers.
A Nestlé tem procurado empresários que já têm cafeterias para fazer a conversão das lojas. O contrato é de cinco anos e prevê fornecimento exclusivo de cafés e receitas de lanches e sobremesas. A Nestlé propõe o design da loja. E a fachada passa a estampar, além do nome da loja, a logomarca Nescafé. Há também outros formatos para a cafeteria – em contêiner, tuk-tuk (riquixá motorizado) ou bicicleta -, para espaços menores.
Em relação aos resultados, o diretor disse que nas lojas convertidas, as vendas aumentaram 50%, em média. “No momento em que a economia ainda está lenta, é fundamental buscar alternativas para ampliar as vendas”, afirmou o diretor.
A Nestlé já possui cafeterias Nescafé em vários países da Europa, Ásia, América do Norte e América Latina. No México, por exemplo, a empresa fechou acordo com a operadora de restaurantes CMR em 2018 para abrir 150 cafeterias em oito anos. Em outros países a empresa também tem aberto lojas próprias e aberto franquias.
A Nestlé também testa o uso de outras marcas de peso no varejo alimentar como Moça, Kit Kat, Maggi, Suflair, Alpino e outras. Nas cafeterias, o cardápio traz em destaque produtos feitos com algumas dessas marcas. Nas próximas semanas, a Nestlé também vai instalar um quiosque no Shopping Metrô Santa Cruz, em São Paulo, para vender bolos e doces, com a marca Moça. Além disso, tem buscado oferecer receitas exclusivas, desenvolvidas por chefs da companhia, para outras empresas de varejo alimentar.
O varejo alimentar (restaurantes, bares e cafeterias, por exemplo) movimentou R$ 52 bilhões no país no primeiro trimestre deste ano, com crescimento de 5% em relação ao mesmo intervalo de 2018, de acordo com o Instituto Foodservice Brasil (IFB). A previsão para o ano é que o setor cresça de 5% a 7% em relação aos R$ 205 bilhões alcançados no ano passado.
No ano passado, a Nestlé faturou no Brasil R$ 13,75 bilhões, resultado 1,89% abaixo das vendas de 2017. As vendas para o varejo alimentar representaram 7% do total, ou R$ 962 milhões. Para este ano, a Nestlé estima atingir crescimento de dois dígitos nas vendas dessa categoria.
Criada no Brasil em 1929 como marca de café solúvel, a Nescafé é a marca mais importante para a Nestlé no Brasil e no mundo. Globalmente, as vendas do Nescafé somam US$ 10 bilhões por ano, o equivalente a cerca de 10% das vendas anuais da companhia.
O Nespresso, outra marca de café da Nestlé, tem vendas anuais de aproximadamente US$ 5 bilhões. A marca Starbucks gera fora das cafeterias vendas de US$ 2 bilhões por ano. Em agosto de 2018, a Nestlé pagou US$ 7,15 bilhões à Starbucks pelo direito de vender os produtos da rede americana fora das suas cafeterias.
Citrângulo disse que a Nestlé já vende no Brasil 150 milhões de doses de Nescafé fora do lar por ano, com a implantação de máquinas profissionais de Nescafé em lojas, supermercados, padarias e lanchonetes. “A intenção com a cafeteria é pegar o consumidor em uma ocasião de consumo diferente. E também apresentar inovações ao consumidor, para estimular o consumo da marca fora do lar”, afirmou o diretor.
A Nestlé mantém em sigilo o número de máquinas de Nescafé já instaladas no país. Citrângulo diz apenas que a meta da companhia é continuar ampliando a implantação desses equipamentos, chegando a 50 mil pontos de vendas em cinco anos. Neste ano, a expansão tem como foco a região Nordeste.
Fonte: Valor Econômico