A Nestlé está ampliando as vendas pela internet durante a pandemia. Além do site onde vende diretamente ao consumidor, investe em um modelo usado tradicionalmente por grupos varejistas: o marketplace. A multinacional, que no ano passado reportou vendas de R$ 14,49 bilhões no país, está operando dois shopping centers virtuais. Das vendas totais neste ano, até maio, já tem fatia de 8,1% proveniente do comércio eletrônico. E este índice cresce a cada mês.
A Nestlé já havia lançado em 2019 o marketplace Vem de Bolo, especializado em produtos de confeitaria e itens para festas. O serviço possui 60 boleiras cadastradas e 520 confeiteiros na fila de espera. Em março deste ano, as vendas da Vem de Bolo cresceram 500% em relação a fevereiro. Em abril, o aumento foi de quase 200% sobre março, disse Carolina Sevciuc, diretora de transformação digital da Nestlé. Ao todo, 6,2 mil pessoas já compraram na plataforma.
Neste mês, a Nestlé está pondo no ar seu segundo marketplace, o mercadoatevc.com.br. Nessa plataforma, pequenos comerciantes podem abrir lojas e vender produtos da Nestlé e de outros fabricantes. O shopping virtual foi desenvolvido em parceria com a fintech Ebanx e já nasce com 10 mil lojas cadastradas em todo o país.
Os lojistas recebem treinamento on-line para criar e administrar a loja virtual. A criação do site é gratuita. O lojista paga uma taxa de 3,9% por transação – em linha com o praticado por grandes marketplaces durante a pandemia.
“A gente entendeu que tinha uma responsabilidade de ajudar principalmente o pequeno varejo, que não tinha conhecimento sobre venda on-line”, diz Carolina. Ela cita uma pesquisa do Sebrae de abril, apontando que dos 17 milhões de pequenos negócios no país, 15 milhões tiveram queda de faturamento de cerca de 75% em função da pandemia. “Enquanto isso, as vendas on-line de alimentos crescem de forma acelerada”, comparou Carolina.
A Nestlé já tinha operação de venda on-line de produtos para distribuidores e atacadistas. Em fevereiro deste ano, colocou no ar a plataforma atevc.com.br, para vebder seus produtos a comerciantes de pequeno porte. É por essa plataforma que os comerciantes montam suas lojas virtuais.
Carolina disse que, há dois anos, a Nestlé começou a se preparar para fazer a venda on-line direta aos consumidores. O primeiro projeto foi o Empório Nestlé, lançado no ano passado e que complementa a operação das nove lojas físicas que levam o mesmo nome. Carolina disse que, nos primeiros cinco meses deste ano, as vendas dessa loja on-line cresceram 180% em relação às vendas do ano todo de 2019.
“A loja on-line funciona como um laboratório para entender melhor o consumidor e descobrir formas de melhorar a oferta para os lojistas e os consumidores”, afirma a diretora. Durante a pandemia, a loja on-line também foi aproveitada para substituir a operação da KitKat Chocolatory, loja física no Morumbi Shopping, que ficou fechada em função da quarentena.
De acordo com a Compre&Confie, empresa de inteligência de mercado focada em comércio eletrônico, de janeiro a maio, enquanto o comércio eletrônico como um todo cresceu 56,8% em relação ao mesmo período de 2019, as vendas on-line de alimentos e bebidas aumentaram 124,3%, para R$ 621,9 milhões. Em abril e maio, as vendas on-line de alimentos e bebidas cresceram 256,4%, enquanto as vendas on-line totais saltaram 102,2%. “A categoria de alimentos e bebidas representava 1% do comércio eletrônico no ano passado. Neste ano, já representa 1,5%”, afirmou André Dias, diretor executivo do Compre&Confie.
O aumento das compras on-line de alimentos levou o varejo tradicional a ampliar investimentos na área. Redes de supermercados reforçaram os serviços de entrega de vendas on-line, como o GPA, com o James Delivery, e o Carrefour, com uma parceria com a Rappi. Varejistas on-line reforçaram a oferta de produtos. A B2W comprou em janeiro o SuperNow, shopping on-line de alimentos. O Magazine Luiza ampliou o número de varejistas de alimentos em seu marketplace.
Fonte: Valor Econômico