A Nespresso, unidade de cafés em cápsulas da Nestlé, dobrou o tamanho da sua operação no mercado brasileiro nos últimos três anos. Para o triênio 2019-2021, a meta é manter o mesmo ritmo de expansão.
“O Brasil é o maior produtor de café no mundo e o segundo maior consumidor. Mas, para a Nespresso, está entre os dez maiores mercados consumidores. Existe ainda muito potencial de crescimento para a marca, com a entrada em regiões onde ainda não temos presença física”, afirmou Jean-Marc Dragoli, diretor da Nestlé Nespresso para o Brasil.
A Nespresso opera no país com 26 lojas próprias, em 12 cidades. Desse total, 13 foram abertas nos últimos três anos. As vendas de cápsulas e máquinas de café também são feitas por comércio eletrônico e televendas, no país inteiro. A maioria das vendas, no entanto, é feita nas lojas físicas, diz o executivo. “Na loja, o consumidor conhece os diferentes perfis aromáticos de cafés e recebe indicações das melhores opções, baseadas no seu perfil de consumo. Além do serviço, a loja física dá ao cliente a segurança de que vai encontrar o café que deseja”, afirmou Dragoli. Geralmente, os consumidores começam a adquirir as cápsulas nas lojas e, com o tempo, passam a comprar também pelo site ou por aplicativo, disse.
Em setembro e outubro, a Nespresso abriu as duas primeiras lojas no Nordeste, em Recife e Salvador, como parte do esforço de expansão geográfica. “Temos uma cobertura forte no Sudeste, no Sul e em Brasília. É importante melhorar a experiência em outras regiões”, disse o executivo.
As lojas do Nordeste são temporárias. Dragoli disse que a companhia pretende testar novos mercados antes de abrir lojas físicas permanentes. Atualmente, a companhia possui 7 unidades nesse formato, sendo três em São Paulo, duas no Rio de Janeiro e as outras no Nordeste.
Para 2019, a companhia também prevê abrir pelo menos duas novas lojas, no Rio e em São Paulo. Dragoli mantém sigilo sobre o plano de abertura de unidades em outros Estados.
O executivo está na Nestlé há 18 anos. Nos últimos 12 anos, dirigiu a operação da Nespresso em diferentes países e regiões – México, Oriente Médio e África, Espanha. No Brasil, o suíço começou a trabalhar em fevereiro de 2016, permanecendo à frente dos negócios na fase de maior expansão da empresa no Brasil. Sem citar números, Dragoli disse que as vendas no Brasil cresceram anualmente a taxas de “dois dígitos” nos últimos três anos.
De acordo com dados da Euromonitor International, a Nespresso lidera o mercado brasileiro de cápsulas de café, com participação de mercado de 45,5% em receita. A marca é seguida pela Dolce Gusto, que também pertence à Nestlé, com 14,1% de participação; e pela 3 Corações, do Grupo Três Corações, com 8,5%. De acordo com projeções da consultoria, esse mercado vai crescer 11% neste ano em volume, chegando a 10,2 mil toneladas. Em valor, a aumento previsto é de 20,9%, para R$ 3,6 bilhões.
A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) espera que o país consuma neste ano 23 milhões de sacas de 48 quilos de café, com aumento de 3,4% em relação a 2017. Desse total, apenas 0,9% serão cápsulas. A associação estima que, até 2021, o mercado doméstico vá atingir 25,6 milhões de sacas, com as cápsulas respondendo por 1,1% do volume total. Para o segmento de cápsulas, o crescimento será de 36%, ante um aumento de 11,3% no mercado de cafés como um todo.
Dragoli disse esperar um desempenho positivo para o setor em 2019. “Vamos encerrar o ano com o cenário político definido, o que ajuda a economia. Acredito que nos próximos anos o crescimento econômico voltará e o mercado terá um desempenho mais forte.”
Em relação à concorrência mais acirrada, o executivo disse que não vê muitos problemas. “O consumo de cápsulas ainda é muito baixo no Brasil; acredito que há oportunidades para todos”, afirmou.
Neste ano, a Nespresso lançou 16 novas variedades de cafés, ampliando o portfólio para 25 cápsulas. O café usado pela Nespresso é comprado em 12 países. Toda a produção é feita em três fábricas localizadas na Suíça. De lá, as cápsulas são distribuídas para todo o mundo.
Dragoli disse que o balanço de custos é feito globalmente. “Mesmo que o custo esteja um pouco mais alto para importar cápsulas para o Brasil, por exemplo, o custo em outros países é menor. Um compensa o outro”, afirmou.
Há dez anos, a Nespresso mantém um programa de parceria com produtores de café. No mundo, são 70 mil produtores parceiros. A empresa oferece apoio na produção e compra os grãos a preços entre 30% e 40% acima do preço do mercado.
A meta global da Nespresso para 2020 é adquirir 100% da produção de produtores parceiros, para assegurar a qualidade dos grãos. Hoje, esse índice está em 92%. No Brasil, a Nespresso já atingiu 100%.
Outra meta da Nespresso para 2020 é ter 100% do alumínio usado nas cápsulas vindo de fontes sustentáveis. Neste mês, a marca fechou acordo com o grupo Rio Tinto, de mineração e metal, para alcançar essa meta.
A marca também pretende reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 10% até 2020 e neutralizar 100% das suas emissões. No Brasil, já reduziu em 28% as suas emissões de gases de efeito estufa.
Fonte: Valor Econômico