No sistema de franquias, tendências como negócios home based, dark kitchens, negócios B2B e redes de gestão e finanças se fortaleceram
Por Ana Carolina Diniz
A pandemia obrigou a reinvenção e criação de novos negócios em tempo recorde. E com a reabertura, alguns destes empreendimentos estão se mantendo e se expandido. No sistema de franquias, tendências como negócios home based (trabalho em casa, sem sede), dark kitchens (cozinha para delivery, sem atendimento presencial ao público), negócios B2B e redes de gestão e finanças, e reinvenção de empreendimentos de alimentação e serviços educacionais, se fortaleceram.
Além disso, novos nichos surgiram. André Friedheim, presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF) cita novas franquias em áreas como agro, setor de benefícios, vacinas, energia solar e coworking.
Instituído mais fortemente na pandemia, o trabalho em casa também teve crescimento no setor de franquias. Enquanto em 2020, as franquias “Home Based” representavam 7,1% do total das unidades das redes pesquisadas, no ano seguinte eram 10,3% e em 2022 subiram para 14,8%, segundo dados da ABF.
A empresa de seguro Prudential do Brasil, por exemplo, participou pela primeira vez da ABF Franchising Expo e é a primeira seguradora a expandir por meio de franquias. A franqueadora tem 1.600 corretores franqueados e a previsão é chegar a três mil nos próximos anos. Em 2021, foram abertas mais de 180 unidades e a previsão é abrir mais de 200 este ano, explica Humberto Madeira, vice-presidente de Franquias da Prudential.
– O seguro de vida não faz parte da cultura do brasileiro, mas a Covid trouxe uma consciência de buscar algum tipo de proteção, não só contra a morte, mas principalmente de planejamento financeiro para o futuro – explica Madeira, lembrando que apenas 15% da população brasileira conta com seguro de vida. Nos Estados Unidos, 60% da população tem esse tipo de seguro.
Para atender os corretores franqueados, a empresa tem mais de 30 pontos de apoio espalhados por nove estados pelo Brasil.
Segmentos tradicionais, os setores de alimentação e educação também tiveram que mudar para encarar a pandemia. O on-line passou a ficar ainda mais presente no dia a dia do negócio e novos modelos foram pensados. A escola Yes! Idiomas lançou o primeiro modelo de microfranquia, com investimento inicial a partir de R$ 30 mil. Este modelo está disponível em uma configuração store in store, para operar dentro de instituições de ensino, explica Clodoaldo Nascimento.
Já a Domino’s Pizza lançou recentemente o modelo de conversão de bandeiras, em que pizzarias que já existem mudam para lojas com o nome da marca. São formatos mais adequados para cidades de menos de 200 mil habitantes.
Também em alimentação, as dark kitchen se tornaram mais populares. O Grupo Trigo tem uma dezena de marcas que funcionam somente para delivery, com a expansão somente para franqueados do próprio grupo. Nascidas na pandemia, o grande objetivo é trazer uma renda incremental para os restaurantes das franquias. Com isso, os franqueados diluem os custos fixos e geram renda extra, principalmente no espaço de tempo ocioso da cozinha dos restaurantes.
Também nascida na época com o distanciamento social era mais necessário, a Honest Market Brasil se trata de uma franquia de minimercados autônomos para condomínios e empresas. As máquinas instaladas são estações de autoatendimento, sem necessidade de contato humano no processo, já que é todo automatizado. O próprio consumidor escolhe o produto, escaneia o código de barras pelo totem ou aplicativo, e faz o pagamento.
– As restrições acabaram, mas nossa proposta não é substituir o mercado tradicional. Queremos gerar uma comodidade as pessoas. Sem contar que na retomada do setor corporativo muitas empresas procurando pelo serviço – explica Ana Paula Moraes, uma das sócias da Honest Market Brasil.
Fonte: O Globo