A empresa lançou no terceiro trimestre de 2015 um projeto piloto de vendas dos produtos da linha SOU nas farmácias da Raia Drogasil
A Natura pretende expandir o projeto de venda de seus produtos em farmácias ainda no primeiro semestre de 2016, segundo afirmou nesta quinta-feira, 18, em teleconferência com analistas e investidores o presidente da companhia, Roberto Lima. A empresa lançou no terceiro trimestre de 2015 um projeto piloto de vendas dos produtos da linha SOU nas farmácias da Raia Drogasil e hoje essas vendas ocorrem nas cidades de Campinas e Valinhos, em São Paulo.
“Tivemos um período de testes muito bom e pretendemos aumentar ainda no primeiro semestre”, declarou. A expansão geográfica do projeto deve ocorrer ainda ao longo do ano, afirmou.
De acordo com Lima, a Natura estuda as categorias de produtos que podem ser colocados à venda nas farmácias de forma a não prejudicar o canal de venda direta, por meio das consultoras. “Nos nossos testes, não houve impacto no volume da venda direta, o que nos dá confiança para seguir”, afirmou. Com relação aos investimentos em lojas físicas no Brasil, a Natura informou que ainda não serão representativos dentre o total dos recursos a serem aportados na operação brasileira no ano. A companhia projeta investir R$ 350 milhões em 2016, dos quais R$ 213 milhões serão voltados para a operação brasileira e o restante para os negócios internacionais.
“Estamos em fase de experimentação para as novas lojas e, em 2016, temos alguns investimentos em lojas que serão abertas no Brasil, mas ainda não muito representativos”, declarou Roberto Lima. O executivo já havia confirmado no ano passado que a Natura previa a inauguração de 10 lojas próprias em 2016, com início do projeto na primeira metade do ano.
Preços
A empresa informou ainda que deve fazer aumentos de preços “seletivos” em 2016 na tentativa de recuperar as margens, que sofreram ao longo do ano passado em meio à alta de custos de produção e com matérias-primas, decorrente da depreciação do real. Apesar da intenção de promover ajustes de preço, o executivo considerou que o ambiente competitivo deve ser considerado e que preço deve ser um componente importante para que a Natura defenda sua participação de mercado.
“Temos que dar toda atenção à recuperação das margens erodidas por inflação e desvalorização cambial, mas precisamos levar em consideração o efeito de concorrência e não podemos perder competitividade”, disse. “Vamos procurar, na medida do possível, recuperar margens por meio de aumentos de preços seletivos”, completou.
Para Lima, o esforço de recuperação de margem é importante, mas ele considerou que a companhia está atenta à concorrência e observa como o consumidor se comporta em mercado recessivo e com renda disponível menor. Ele admitiu que a Natura já fez alguns aumentos de preços ‘pontuais’ em janeiro e fevereiro deste ano e deve continuar o processo até março, mas não revelou os porcentuais.
O executivo respondeu ainda sobre as expectativas da empresa para a cobrança de IPI nas distribuidoras de cosméticos, medida que foi instituída em 2015 em meio ao ajuste fiscal do governo federal e que representou aumento de carga tributária para o setor.
A Natura ainda se beneficia de uma liminar obtida na Justiça a seu favor que considerou que a cobrança do IPI não deveria ser feita. Apesar disso, a companhia tem provisionado o montante referente a esses tributos em seu balanço.