Por Ana Luiza de Carvalho | A Natura &Co deve continuar direcionando esforços para ampliar margens no terceiro trimestre, com medidas como aumento de preços e redução de promoções na linha de The Body Shop e aceleração da integração entre Natura e Avon na América Latina. O avanço na margem bruta da companhia foi um dos destaques do balanço de abril a junho, de acordo com analistas de mercado, apesar do grupo ter encerrado o período com prejuízo.
As ações da fabricante de cosméticos na B3 fecharam o pregão de terça-feira em alta de 5,48%, cotadas a R$ 18,09.
A margem bruta da Natura &Co no segundo trimestre foi de 65,4%, ganho de 4,3 pontos percentuais sobre um ano antes. Já a margem líquida seguiu negativa, após prejuízo líquido de R$ 731,9 milhões. A perda, porém, foi 4,6% menor que a do segundo trimestre de 2022.
O Itaú BBA e o Citi destacaram, em relatórios, o ganho de margens na América Latina. Para o Itaú BBA, o avanço foi robusto e melhor que o esperado em todas as unidades de negócios. O Citi observa, porém, que a receita da companhia ficou abaixo das estimativas. A receita líquida trimestral consolidada somou R$ 7,77 bilhões, queda de 4,2% sobre um ano antes.
Entre as marcas do grupo, as vendas de Natura no Brasil avançaram 19,5%, enquanto houve queda de 1,8% em Avon. As operações da Natura &Co Latam, que consideram a atuação das duas marcas e também de The Body Shop na América Latina, cresceram 5,8% e totalizaram R$ 5,62 bilhões. Mas o desempenho de Avon e The Body Shop fora do mercado latino-americano foi de retração: a receita da primeira caiu 1,3%, para R$ 1,5 bilhão, e a da segunda recuou 12,5%, para R$ 800,3 milhões.
Uma das medidas que o grupo já adotou para The Body Shop e deve seguir nos próximos meses, segundo Fábio Barbosa, CEO do grupo, é o aumento de preços. Além de reduzir o patamar promocional, o plano para impulsionar margens da marca inclui padronização de lojas e investimentos em digitalização. Em maio, após o balanço do primeiro trimestre, o executivo chegou a dizer que The Body Shop “é uma oportunidade e não um problema”.
Na teleconferência com analistas nesta terça-feira, o CEO afirmou que o segundo trimestre foi positivo para o grupo, mas “ainda há muito a ser feito” em termos de capital de giro. A companhia apresentou um fluxo de caixa livre negativo em R$ 965,1 milhões, ante uma saída de R$ 611 milhões no segundo trimestre de 2022.
A venda da marca de luxo Aesop à L’Oreal, anunciada em abril, por US$ 2,5 bilhões, é a principal aposta para que a Natura &Co melhore as linhas do seu balanço. O negócio será concluído no terceiro trimestre. O diretor financeiro, Guilherme Castellan, apontou que a ideia da companhia não é quitar toda a sua dívida e parte do dinheiro recebido com o negócio seguirá disponível em caixa para “continuar investindo nas prioridades”.
A companhia também aposta na integração das operações com a Avon na América Latina para melhorar seus resultados. A empresa realiza nesta quarta-feira (16), às 9h, uma teleconferência sobre os próximos passos do processo.
Barbosa comentou nesta terça-feira que a empresa está satisfeita com resultados da união das operações na Colômbia e no Peru. Segundo ele, a rede combinada de consultores nos dois países resultou em ganho de produtividade.
Fonte: Valor Econômico