Volta das reuniões familiares na Páscoa, depois de dois anos de pandemia, ajudou a impulsionar vendas
Por Raquel Brandão
Depois de dois anos vendendo quase exclusivamente pelos canais digitais na Páscoa, por conta da pandemia, as varejistas especializadas em chocolate registraram crescimento expressivo com as lojas abertas neste ano. Redes ouvidas pelo Valor relataram aumento de pelo menos 20% nas vendas em volume e estoques praticamente esgotados, o que deve diminuir a realização de ações promocionais pós-feriado.
“Produzimos 30% mais neste ano e terminamos domingo com 97% dos ovos vendidos”, diz o fundador e presidente da Cacau Show, Alexandre Costa. Apenas na quinta-feira, destaca o empresário, as quase 3 mil lojas da marca receberam mais de 1 milhão de clientes.
A rede registrou um crescimento de quase 30% em volume e 46% em faturamento quando comparado a 2021, diz ele, sem abrir a receita obtida. Costa atribui grande parte desse salto às lojas físicas. O canal digital foi bem, mas não teve o mesmo fôlego que em 2020 e 2021.
Embora tenha feito reajustes em torno de 7%, ele diz que não sentiu a demanda pressionada pelo preço. Os primeiros produtos a sumirem das prateleiras foram os de R$ 89 e R$ 99. “Sobrou pouco. Vamos esperar até o fim de semana para ver se será necessário fazer promoção. Acho que não.”
A volta das reuniões familiares ajudou. “Percebemos em loja a compra de opções para compartilhar”, conta Estevan Sartoreli, que comanda a Dengo. A volta do consumidor às lojas também puxa mais as vendas, já que a categoria é de impulso, lembra ele. A rede triplicou a produção de ovos, numa “aposta otimista”.
Ainda restam alguns produtos nas 31 lojas, mas não estão previstas promoções. “Mais do que dobramos o faturamento do ano passado”, acrescenta, também sem revelar dados absolutos.
A gaúcha Chocolates Lugano, de Gramado (RS), teve de jogar fora quase tudo que produziu para a Páscoa de 2020, quando a pandemia começou. Neste ano, os estoques acabaram 30 dias antes, devido à forte demanda das franquias, que fazem parte da estratégia de crescimento da empresa. A produção somou 800 toneladas, o dobro do planejado há dois anos.
“O faturamento cresceu 150% e notamos uma busca por produtos de maior valor agregado. O crescimento veio, em especial, do Norte e Nordeste”, diz Jonas Esteves, diretor de marketing.
A demanda por produtos mais elaborados também foi sentida pelo grupo CRM, dono de Kopenhagen e Brasil Cacau. “Depois de dois anos sem os consumidores vivenciarem a Páscoa em família, havia uma demanda reprimida”, diz Carlos Paschoal, diretor executivo da Brasil Cacau, marca de preços mais acessíveis do grupo. O faturamento subiu 45% e os estoques ficaram “quase zerados”, mas há promoção de até 25% esta semana.
Na Kopenhagen, as promoções terão baixo volume, diz a diretora Maricy Gattai Porto. As vendas cresceram 20% em “mesmas lojas” e o faturamento ficou 60% maior do que em 2021. “Inflação não teve impacto e tivemos o plano realizado. Foi infinitamente melhor do que a Páscoa de 2019”, afirma ela, citando o período pré-pandemia.
Fonte: Valor Econômico