Grupo comandado por Sergio Zimerman fez um faturamento de R$ 750 milhões no digital e quase R$ 2,5 bi no total em 2021
Por Luiz Henrique Mendes
Enquanto varejistas como Magazine Luiza e Via sofrem com os impactos da economia combalida sobre as vendas em lojas físicas, a Petz não tem do que reclamar. Em uma amostra da resiliência do varejo de produtos para cães e gatos, o grupo liderado por Sergio Zimerman acaba de entregar mais um resultado com forte expansão.
Pelo oitavo trimestre consecutivo, as vendas da Petz cresceram mais de 30%. “Em qualquer cenário, seria bastante forte, mas se você considerar o que foi o varejo brasileiro nesses últimos oito trimestres, isso deixa ainda mais escancarado o diferencial do nosso projeto”, comemorou Zimerman, o CEO da Petz, em entrevista ao Pipeline. A companhia ganhou 1,5 ponto de share em 2021, chegando a 7,5%.
No quatro trimestre, a Petz faturou R$ 694,4 milhões, um salto de 32,3% na comparação anual. A expansão reflete a abertura de novas lojas — foram 37 no ano passado —, mas também o crescimento das unidades mais maduras. No conceito mesmas lojas, as vendas aumentaram 16,97%, reforçou Aline Penna, a CFO do grupo. O lucro líquido no trimestre cresceu 16,2%, para R$ 31,1 milhões. No ano, a última linha do balanço fechou em R$ 91,6 milhões (+23,5%).
Nesse ritmo acelerado, a Petz vai dobrar de tamanho em menos de dois anos. Quando fez o IPO, em setembro de 2020, a companhia faturava R$ 1,7 bilhão, montante que atingiu R$ 2,5 bilhões no ano passado (+44,8%). Os números ainda não contemplam as aquisições de Zee.Dog — que fatura R$ 220 milhões —, Cansei de Ser Gato e Cão Cidadão, M&As que começam a ser integrados neste ano.
Os resultados também mostram que a estratégia digital da Petz ganhou tração. Em pouco tempo, a companhia se equiparou à Petlove, referência quando o assunto é o e-commerce de produtos para cães e gatos. “Já estamos no mesmo patamar do nosso concorrente, e começamos com uma base bem menor em 2020, disse Penna.
Desde 2019, as vendas digitais da Petz se multiplicaram por oito, saindo de apenas R$ 89,5 milhões para R$ 750 milhões. Com isso, a participação do negócio digital no faturamento total pulou de 7,7% para 30,3%. A adoção do ominichannel também vem aparecendo. Quase 90% das mercadorias vendidas digitalmente já foram das próprias lojas da Petz.1 de 2 Petz vai abrir 50 lojas em 2022 e estrear no Pará, Piauí e Maranhão.
Ao mesmo tempo, a companhia vem conseguindo atrair os clientes para seu aplicativo, origem de 67% das vendas digitais. No ano passado, o volume de downloads ultrapassou as concorrentes Cobasi e Petlove somadas. Em dezembro, o app da Petz atingiu 1 milhão de usuários únicos ativos.
Num ambiente de inflação elevada, a Petz preservou as margens graças aos reajustes, um comportamento que vem sendo acompanhado pelo mercado. No quarto trimestre, o Ebitda ajustado alcançou R$ 65,6 milhões, com margem de 9,4% — 0,4 ponto acima do mesmo período de 2020. No acumulado do ano passado, a margem Ebitda foi de 9,8%.
Zimerman argumenta que, em um negócio de margens menores como é o de ração, não há como segurar os reajustes, inclusive porque as vendas de acessórios para pets — itens discricionários que trabalham com margens maiores — sofrem mais com o momento econômico, tornando o consumidor mais comedido.2 de 2 Sergio Zimerman, CEO da Petz: “Em qualquer cenário, crescer 30% seria bastante forte”.
Das vendas totais da Petz, 80% são de itens considerados de compra obrigatória, como ração. Nesses casos, os clientes não deixam de comprar, mas é possível notar que o esperado movimento de upgrade na qualidade dos produtos comprados ficou para depois. Em compensação, praticamente não há trade down de ração, disse Zimerman
Enquanto comemora os resultados recém-divulgados, a Petz se estruturou para mais um ano de rápido crescimento. Com áreas já alugadas, a companhia vai abrir 50 lojas em 2022, um recorde que demandará de R$ 250 milhões a R$ 300 milhões em investimentos. Aos poucos, o grupo se nacionaliza, diluindo a participação de São Paulo nas vendas — atualmente em 50%. Presente em 17 unidades da federação, a Petz vai estrear no Pará, Piauí e Maranhão ainda neste ano.
Nos planos, também está a entrada em planos de saúde, uma vertical já explorada por concorrentes como Petlove e Petland. A ideia da Petz é aproveitando a estrutura verticalizada da Seres, a rede própria de hospitais e clínicas veterinárias. Um piloto do plano de saúde será lançado em 2022.
Para dar vazão aos planos, a Petz conta com uma caixa considerável. Capitalizada após o follow-on de novembro, quando captou quase R$ 780 milhões, a companhia apresenta uma estrutura de capital bastante confortável, com caixa líquido. A relação entre dívida líquida e Ebitda está negativa em 1,9 vez.
A Petz está avaliada em pouco mais de R$ 8 bilhões em bolsa. Os maiores acionistas são Zimmermam (28,7%) e GIC (5,19%). Em 2022, os papéis da companhia valorizaram.
Fonte: Pipeline Valor