Por Moacir Drska
Em relatório, o Credit Suisse destaca que os dois grupos de shopping centers têm no público de alta renda dos seus empreendimentos uma proteção contra a potencial desaceleração do consumo
O Iguatemi está avaliado em R$ 5,1 bilhões
O cenário de inflação persistente e a perspectiva de manutenção dos juros em patamares elevados segue pesando na confiança e no bolso de boa parte dos brasileiros. E, como principal elo entre o varejo e o consumo, o setor de shopping centers tem um panorama desafiador para 2023.
Entretanto, há quem tenha um “abrigo” para atravessar esse contexto sem grandes sobressaltos. Em relatório publicado na sexta-feira, 27 de janeiro, o Credit Suisse coloca a Multiplan e o Iguatemi nesse pacote e elege as duas administradoras de shoppings como suas ações preferidas no setor de real estate.
A análise vem acompanhada da atualização no preço-alvo das ações, de R$ 29 para R$ 27, no caso da Multiplan, e de R$ 29 para R$ 23, em relação ao Iguatemi. O banco suíço reforçou ainda a recomendação de outperform (acima da média do mercado) para os dois ativos.
“Considerando a exposição das empresas a uma população de maior renda e a regiões mais ricas do Brasil, vemos a Multiplan e o Iguatemi protegidos de uma potencial desaceleração do consumo e com significativa capacidade de seguirem repassando a inflação para os aluguéis”, escreveram os analistas Pedro Hajnal e Vanessa Quiroga.
Para ressaltar que o perfil de consumidor que frequenta os empreendimentos dos dois grupos já se provou mais resiliente, a dupla observa que, na crise de 2014 a 2017, Multiplan e Iguatemi tiveram um desempenho muito superior comparado a seus pares.
“Além disso, com a desvalorização do câmbio, as viagens internacionais se tornaram muito mais seletivas, limitando o consumo das pessoas de média/alta renda aos shoppings domésticos, o que é um vento favorável que ambos os portfólios estão aproveitando”, destaca outro trecho do relatório.
Os analistas também chamam atenção para o fato de que os dois papéis estão sendo negociados com desconto, abaixo da média dos últimos cinco anos. E dizem acreditar que a redução do rating pós-eleições criou uma oportunidade atraente de entrada nos ativos.
Em paralelo, eles apontam ainda que as duas empresas estão com um nível de endividamento saudável e são boas geradoras de caixa. No caso da Multiplan, o destaque fica a alavancagem de 1,7 vezes da companhia, seu menor nível em dez anos.
Já no que diz respeito ao Iguatemi, um ponto positivo, na visão da dupla, foi o follow on em setembro de 2022, no qual o grupo movimentou R$ 720 milhões.
Nessa direção, o relatório traz ainda a projeção de que a Multiplan e o Iguatemi reportem um fluxo de caixa operacional, respectivamente, entre R$ 1 bilhão e R$ 1,1 bilhão, e de R$ 616 milhões a R$ 662 milhões, o que deixaria as duas operações confortáveis com seus níveis atuais de alavancagem.
Fonte: Neofeed