Grupo de moda aposta em ferramentas desenvolvidas na pandemia para enfrentar novo período de fechamento de lojas
Por Raquel Brandão
A Arezzo&Co colocou em ação uma força-tarefa para tentar reverter a potencial queda de vendas pelo fechamentos de lojas físicas, com o agravamento da pandemia que levou a novas medidas de restrição de circulação em várias partes do país. A aposta é impulsionar as ferramentas digitais e também algumas iniciativas mais off-line, como as “malinhas” de produtos que vão para casa do cliente, que a companhia desenvolveu e acelerou ao longo de 2020, quando a crise sanitária começou.
O grupo tem 901 lojas no Brasil e no exterior, de marcas como Arezzo, Schutz, Anacapri e Reserva. Do total, 139 são unidades próprias e 762 são franquias. Do total, 139 são unidades próprias e 762 são franquias.
A pandemia teve efeitos negativos sobre o resultado consolidado do ano, com quase quatro meses de lojas fechadas: a receita líquida caiu 5%, para R$ 1,59 bilhão e o lucro, 70%, para R$ 48,6 milhões. Mas no quarto trimestre é possível ver recuperação: o lucro contábil saltou 31% em relação a um ano antes, para R$ 77 milhões, impulsionado pelo avanço de 38% na receita líquida, para R$ 644,6 milhões.
“Agora vamos ver uma desaceleração [do crescimento] por conta dos fechamentos. Já temos umas 300 lojas fechadas ou na eminência de fechar. Então estamos fazendo convenção e ‘calls’ diárias com os franqueados”, diz a diretora de relações com investidores do grupo, Aline Penna.
A pandemia fez a companhia desenvolver novas abordagens no relacionamento com sua rede. Uma delas foi o engajamento dos franqueados para as vendas digitais. A executiva exemplifica com a criação do “App do vendedor”. “Hoje, 20% das vendas das lojas são influenciadas por essa ferramenta. No celular, se consegue ver todas as informações do cliente obtidas em compras anteriores para ajudar a oferecer uma nova compra.”
Somente as receitas obtidas com esses produtos digitais chegaram a R$ 367 milhões, um resultado que não inclui dados de vendas na internet. Na web, as vendas cresceram 145,3% em 2020, para R$ 526,4 milhões. Os analistas do Credit Suisse destacaram as iniciativas digitais no resultado da companhia, cujo lucro líquido contábil cresceu, apontando que elas já são relevantes nos resultados e são “sinais encorajadores de ganhos que vieram para ficar”.
Iniciativas como essas podem ajudar as marcas da companhia a lidar com o fechamento do varejo físico, que deu sinais de retração já em janeiro. “A gente viu que o tráfego dos shoppings nas duas primeiras semanas do ano foi fraco. Fevereiro foi bem melhor, mas agora há incertezas”, diz Aline.
Mas a Arezzo quer crescer para além do que já está operando. “Estamos nesse caminho de consolidação de ser uma empresa de ‘lifestyle’ e moda em todas as categorias”, diz o presidente-executivo Alexandre Birman. O objetivo ficou mais evidente com a compra da Reserva e do brechó de luxo Troc no último trimestre de 2020.
A companhia ainda olha aquisições na área de vestuário feminino e amplia o portfólio das marcas já existentes, que vão licenciar produtos como óculos, perfumes e até itens para casa.
Fonte: Valor Econômico