A rede de lojas de produtos de puericultura Alô Bebê registrou entre novembro do ano passado e janeiro deste ano um aumento de 60% nas vendas de mosquiteiros para berços e carrinhos de bebê. O produto para carrinhos, por sinal, chegou a ficar em falta na rede, dona de 30 lojas no Sudeste, Sul e Centro-Oeste do país. Tudo por conta da preocupação com o vírus zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypit, que pode causar microcefalia em bebês.
“É como na época do surgimento da Aids: ninguém sabe exatamente como se pega, quais as complicações geradas e todo mundo quer se precaver, principalmente as mães”, diz Milton Bueno, diretor de marketing da Alô Bebê.
O primeiro caso de zika foi identificado no Brasil em abril de 2015, com sintomas semelhantes aos da dengue. Em novembro o surto de microcefalia em bebês no Nordeste foi relacionado ao zika: gestantes que foram picadas pelo mosquito desenvolveram a doença e deram à luz bebês com má formação cerebral.
Segundo o boletim de 2 de fevereiro do Ministério da Saúde, desde 22 de outubro, quanto tiveram início as investigações da pasta sobre a relação de zika com microcefalia, foram 404 casos confirmados da síndrome no país. Em todo o ano de 2014, haviam sido registrados 147 casos no Brasil. Desses 404 casos, até agora, 17 tiveram confirmação com o zika. Outros 3.670 estão sendo investigados. O Ministério da Saúde entende como casos suspeitos de microcefalia os recém-nascidos com perímetro encefálico de até 32 centímetros.
Para parte da comunidade científica brasileira, é mesmo o vírus zika o responsável pelos casos de microcefalia. A convicção veio após a publicação nesta semana de um estudo no “The New England Journal of Medicine”, relatando o caso de uma jovem da Eslovênia, que foi infectada por zika em Natal (RN), no primeiro trimestre da gestação.