De acordo com um levantamento da Associação Brasileira da Indústria Óptica (Abióptica), realizado em 2015, o mercado brasileiro possui 86 redes de varejo de óticas. Juntas, elas somam mais de 25 mil pontos de venda. E o número de negócios do setor pode ser ainda maior, visto que micro e pequenas empresas não foram incluídas no levantamento.
Investir em um mercado tão concorrido pode ser um desafio para os empreendedores. Mas as perspectivas são boas. Conforme noticiou o jornal Valor Econômico, em março de 2019, a expectativa é que o setor cresça pelo menos 10% neste ano, alcançando um faturamento total de R$ 24 bilhões.
Mas como aproveitar essa onda de otimismo para criar um empreendimento de sucesso?
Diferenciar-se da concorrência pode ser a resposta para essa questão. Pelo menos é nisso que apostou o empreendedor Celso Silva. Com 64 anos, ele trabalha no setor desde os 16, quando atuou na produção de equipamentos para óticas. Mas o empreendedorismo não demorou muito para surgir em sua vida e, em 1978, ele abriu seu primeiro negócio: uma fábrica de armações.
Mas ele não parou por aí. Reunindo o conhecimento acumulado nos mais de 40 nos de atuação no setor, Silva resolveu apostar no varejo em 2013. Com o Mercadão dos Óculos –nome que surgiu devido à proximidade da primeira unidade do Mercado Municipal de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo – o empreendedor trouxe uma proposta diferente.
Foco nas lentes
Segundo Silva, o hábito de consumo de grande parte da população consiste em investir alto em uma armação de grife. Em contrapartida, as lentes não recebem tanta atenção dos clientes.
O Mercadão dos Óculos vai contra essa corrente, trabalhando com armações próprias (e, portanto, mais baratas) e agregando valor às lentes. Com um tíquete médio de R$ 700, a marca faturou R$ 120 milhões em 2018.
Para que isso seja possível, entretanto, é preciso de um treinamento diferenciado. “Nossa equipe precisa estar preparada para vender a qualidade da lente, não a marca da armação.”
De acordo com Gustavo de Freitas, diretor-executivo da empresa, para que essa estratégia tenha sucesso, os franqueados precisam ser submetidos a um programa de capacitação diferenciado.
Todo esse processo começa com uma espécie de “universidade corporativa online”. “Nela é ensinado o básico para botar todo mundo na mesma página”, diz Freitas. Depois, o franqueado é convidado para visitar a sede da empresa, em São José do Rio Preto. Lá, é aplicado um treinamento de uma semana sobre a rotina administrativa, técnica e comercial de uma unidade do Mercadão.
Por fim, tanto o investidor quanto os funcionários devem passar por uma trilha de treinamentos online e presenciais para aprimorar suas técnicas de venda.
Com esse programa de capacitação, o Mercadão de Óculos também consegue garantir variedade no perfil de franqueados. Freitas conta que 95% das pessoas que investem na rede não são do segmento de óticas.
Franchising
O executivo, responsável por estruturar o franchising da marca, conta que notou essa necessidade de um treinamento diferente logo quando ingressou no Mercadão, em 2014. Por não se tratar de um acessório qualquer, mas um objeto destinado a corrigir um problema de saúde, a venda de óculos enfrenta algumas particularidades. “Nosso grande desafio é associar o conhecimento técnico ao comercial.”
Segundo Freitas, outra característica atraente da rede é seu custo operacional baixo. Isso, aliado a possibilidade de utilizar uma infraestrutura mais enxuta, torna o negócio rentável em cidades com a população abaixo de R$ 50 mil, conta o executivo.
Hoje, O Mercadão dos Óculos tem 245 unidades. A expectativa é que outros 90 pontos de venda sejam inaugurados até o final de 2019, gerando um faturamento total de até R$ 180 milhões.
Fonte: PEGN