Consumidores passaram a pesquisar por itens básicos online, comprar em menor quantidade e substituir suas marcas favoritas por outras mais acessíveis
Durante uma crise econômica, consumidores são compelidos a adaptar seus orçamentos e fazer algumas adaptações no seu dia a dia. Um novo estudo da GfK, divulgado nesta quarta-feira, 5, mostra que esses hábitos tendem a perdurar após a crise. A pesquisa online foi feita com 350 consumidores brasileiros em fevereiro deste ano, com o objetivo de mostrar a nova dinâmica de consumo da população.
Os consumidores passaram a experimentar novas marcas (geralmente mais baratas) e canais de compra. Um dos canais que se destacaram, inclusive para compra de itens básicos, foi o e-commerce. Não é novidade que as compras no ambiente digital tem movimentado cada vez mais recursos, mas a pesquisa mostrou que 78% dos entrevistados passaram a comparar preços de itens básicos no ambiente online.
“Na venda de produtos alimentares, bebida e perecíveis, o problema não está no hábito do consumidor, mas na oferta. É muito complexo montar uma operação de logística para algo que é perecível. A geração X ou Y mais tardia ainda cresceu comprando comida em mercado físico, mas para a geração Z ou para as próximas gerações mais habituadas à compra online, não fará mais sentido comprar nada no meio físico”, avalia Minoru Wakabayashi , diretor da GfK.
A pesquisa usou dados comparativos da Espanha. De acordo com Minoru, o país apresenta hábitos culturais e de consumo similares ao Brasil, e passou por uma situação semelhante. Consumidores espanhóis, no entanto, pensavam que a crise no país seria longa: 31% deles acreditavam que a crise duraria entre um e dois anos, e 26% acreditavam que duraria entre dois e três anos. Já os brasileiros se mostraram mais otimistas quanto ao contexto econômico brasileiro: 31% deles acreditavam que a crise duraria entre seis meses e um ano — mesmo que ela já dure mais do que isso.
Entre os itens mais cortados do orçamento dos brasileiros foram as férias e viagens, de acordo com 40% dos respondentes, seguidas de atividades de entretenimento como cinema, teatro e eventos esportivos. Itens essenciais do churrasco, como cerveja, carne bovina e refrigerante, também foram significativamente afetados nos últimos meses, já que quase 4 a cada 10 brasileiros mudaram seus hábitos em relação à estes produtos. 23% dos respondentes disseram ter deixado de comprar cerveja, e 17% deixaram de comprar refrigerante. Mais de 40% passaram a comprar estes produtos em menor quantidade. Em relação à carne bovina, 16% passaram a se preocupar com promoções.
“Vimos uma retração na carne bovina, mas um aumento na compra de carne de frango e suína, que é mais barata. Então veio a operação Carne Fraca, mas a diminuição do consumo era algo que já vinha acontecendo por conta do preço, porque a carne bovina tem tido aumento de preço maior que a inflação”, explica Minoru.
Itens de higiene, como sabão em pó e xampu, também foram substituídos por marcas mais baratas, de acordo com pelo menos 40% dos entrevistados. “Para as marcas, é o momento de repensar seus produtos e a forma de vender para este consumidor, pensando talvez em embalagens menores e em adequar suas estruturas de distribuição, posicionamento e campanhas. Não vale a pena investir em tantas lojas e inovação agora, mas performar o melhor possível com o que se tem”, finaliza o especialista.