Sem perspectiva de crescimento, grife de Valdemar Iódice estaria comprando peças prontas dos Estados Unidos
O grupo paranaense Morena Rosa acaba de fechar um acordo para a compra da grife paulista Iódice. Duas fontes que trabalham na empresa do estilista Valdemar Iódice confirmam a negociação, ainda mantida em segredo, que deve ser concretizada no primeiro semestre de 2019.
Trata-se do negócio de moda mais importante desde a aquisição da Bobstore pelo grupo InBrands (Ellus e Richards), em 2012, e a da Dudalina pela Restoque (Le Lis Blanc e John John John), em 2014. A crise no varejo e as turbulências políticas esfriaram o ambiente de corrida por esse tipo associação iniciada pela indústria no final da década passada.
O cenário é propício. De um lado, um grupo faminto por diversificar o portfólio como é o Morena Rosa, que apesar dos investimentos em marcas próprias ainda não conseguiu alcançar um segmento de moda “premium” autoral, e do outro, uma etiqueta consolidada como símbolo de luxo mas que devido à crise perdeu a capacidade de investir em si mesma.
Os primeiros sinais de que a Iódice enfrenta problemas foi a desistência dos desfiles na São Paulo Fashion Week, plataforma que a marca utilizava como principal vetor de publicidade. Após um hiato de duas temporadas, a grife comemorou os 30 anos com uma apresentação no Palácio Tangará, em 2017, mas não voltou à passarela desde então.
A reportagem apurou que, para baratear custos de produção, a etiqueta estaria comprando peças prontas em esquema de “private label” de empresas americanas, com design exclusivo mas com acabamento feito inteiramente na Ásia.
Tanto o grupo de Cianorte, município a 501 km de Curitiba, quanto a Iódice negaram a compra. Ambas, porém, caíram em contradição quando tentaram explicar a aproximação entre as empresas.
Em comunicado, a Morena Rosa explicou que “existe uma conversa sobre um possível licenciamento para o desenvolvimento da coleção de verão da Iódice”, que, ao contrário do grupo, cravou em outro comunicado que esse negócio foi fechado no dia 3 de dezembro.
Procurado, o CEO da Morena Rosa, Lucas Franzato, não quis dar entrevista alegando que seria cedo para comentar o assunto. A coluna entrou em contato com Valdemar Iódice, que confirmou uma entrevista por telefone, posteriormente vetada por sua assessoria.
Fonte: Folha de S. Paulo