A Mondelez International, dona das marcas Lacta, Trident e Oreo, fixou como meta global atingir US$ 1 bilhão em vendas on-line de alimentos até 2020. No Brasil, a companhia começou na terça-feira a venda direta aos consumidores de ovos de Páscoa e chocolates em um site da Lacta. A Nestlé informou que começa a venda on-line de produtos de Páscoa em seu site a partir de segunda-feira, 3 de abril.
O comércio eletrônico de alimentos é um mercado ainda incipiente no Brasil e no mundo. De acordo com dados da Ebit, empresa de pesquisas de mercado, a venda on-line de alimentos industrializados, frescos e congelados representa hoje 1% do faturamento do comércio eletrônico do país, ou R$ 444 milhões. Nos Estados Unidos, essa categoria responde por 3% do total comercializado pela internet. Esses percentuais não incluem as vendas de refeições prontas por restaurantes ou serviços de entrega como iFood.
“A venda de alimentos industrializados, congelados e frescos demanda uma estrutura de distribuição mais complexa. Em um país extenso como o Brasil é inviável distribuir alimentos para o país inteiro”, ponderou Pedro Guasti, presidente da Ebit. Atualmente, 1% dos 18,5 mil supermercados no Brasil vendem alimentos on-line, com distribuição regional. Entre as grandes redes varejistas de autosserviço, o Carrefour anunciou recentemente que avalia lançar a venda on-line de alimentos neste ano, mas ainda avalia como será a logística de entrega.
“Por enquanto as iniciativas vêm do varejo regional, mas a expectativa é que esse mercado cresça, à medida que grandes companhias comecem a estudar iniciativas de entrar no varejo on-line de alimentos”, acrescentou Guasti. Ele observou que, nos Estados Unidos, a Amazon e o Google entraram nessa categoria em 2016.
A venda on-line de ovos de Páscoa já era feita no país desde 2015 por sites de comércio eletrônico, mas não pelos próprios fabricantes. A Mondelez começou a venda on-line recentemente nos Estados Unidos, China e Alemanha – e, agora, no Brasil. No mercado brasileiro, a companhia contratou a Brasil/CT para fazer a distribuição dos produtos vendidos em seu site em caminhões refrigerados.
Maria Clara Batalha, gerente de comércio eletrônico da Mondelez Brasil, considera que a iniciativa vai estimular o consumo. “O consumidor vai aproveitar o tempo em que não poder ir a uma loja para fazer as encomendas on-line”, disse. De acordo com Maria Clara, 40% da venda on-line da Mondelez é feita na Páscoa, o que motivou o lançamento do site próprio neste momento. “A ideia é fazer a venda direta em ocasiões especiais, como Natal, Dia dos Namorados. No restante do ano, as marcas ficam disponíveis no varejo físico e on-line.”
A Mondelez é a segunda maior empresa de chocolates no país, segundo a consultoria Euromonitor International, com participação de 32%. O Brasil é o principal mercado da fabricante na América Latina. Na região, a receita caiu 32% no ano passado, para US$ 3,4 bilhões, devido a perdas com variação cambial e à recessão. Globalmente, a companhia registrou receita de US$ 25,9 bilhões, com queda de 12,5% em relação a 2015. O lucro líquido caiu 77,2%, chegando a US$ 1,6 bilhão.
A Nestlé, líder com 38,8% do mercado de chocolates, informou que fará a venda de seus produtos de pela internet exclusivamente no período de Páscoa. Os consumidores poderão selecionar os itens no site da Nestlé, mas a venda será realizada por grandes redes de varejo do país. Em categorias específicas, a Nestlé já faz a venda on-line direta durante todo o ano, como nas divisões de Nescafé Dolce Gusto, Nespresso e Nestlé Health Science.
A Ferrero, Hershey e Cacau Show, que estão entre as cinco maiores fabricantes de chocolates do país, não têm operação própria de vendas on-line.
Fonte: Valor Econômico