As empresas de varejo de vestuário apresentaram uma pequena melhora no desempenho de vendas em janeiro e fevereiro, graças a um forte movimento de liquidações das coleções de verão. A prova de fogo para o setor virá neste mês, quando as lojas se abastecem com as coleções de inverno e o varejo volta a operar com preços cheios.
“Presidentes e diretores financeiros das empresas associadas sinalizaram pequeno crescimento nas vendas em janeiro e fevereiro, em comparação com o mesmo período de 2015”, afirma Edmundo Lima, diretor executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex). A entidade reúne as principais redes de moda do país, como C&A, Forever 21, Cia. Hering, Marisa, Inbrands, Renner, Restoque, Riachuelo e Zara.
Lima observa que a base de comparação é fraca e que o ambiente promocional não permite dizer se há de fato recuperação no consumo. “Com o início da liberação do FGTS, a expectativa é que parte desse valor seja direcionada ao consumo, o que pode favorecer o setor”, observa Lima. A chegada de frentes frias também podem contribuir para o aumento da demanda pelas coleções de inverno.
Entre as empresas que já divulgaram os resultados do quarto trimestre – Renner, Marisa, Cia. Hering, Restoque, Grendene e Arezzo – Cia. Hering e Grendene informaram que esperam estabilidade nos negócios neste primeiro trimestre. A Marisa, por sua vez, informou que espera um primeiro semestre ainda duro, com recuperação no segundo semestre.
A Marisa fechou o quarto trimestre com prejuízo de R$ 6 milhões, após um lucro de R$ 16,7 milhões no quarto trimestre de 2016. A receita caiu 14,8%, para R$ 673,8 milhões. A conta de estoques cresceu 2,62%, para R$ 338,2 milhões, sendo que a companhia fechou 11 lojas em 2016 – e não tem perspectiva de novas aberturas em 2017.
A Cia. Hering sofreu, como a Marisa, com o consumo mais retraído entre brasileiras da classe C. A receita caiu 14,8% no quarto trimestre e o lucro encolheu 38,7%. No lado positivo, a companhia reduziu a conta de estoques em 3,25%, para R$ 308,1 milhões. A empresa fechou seis lojas em 2016 e não tem plano de abrir lojas em 2017.
A Restoque, dona das marcas Le Lis Blanc e Dudalina, aumentou o prejuízo no quarto trimestre, para R$ 15,8 milhões. A receita ficou praticamente estável em R$ 311,8 milhões, mas o estoque aumentou 25%, para R$ 334,5 milhões. A companhia fechou o ano com abertura líquida de uma loja, somando 328, mas prevê fechar pelo menos 20 lojas neste ano.
A Renner, que abriu 64 lojas em 2016 e prevê 60 a 65 novas unidades até dezembro, fechou o ano com alta no estoque de 25,7%, para R$ 782,3 milhões. O aumento, segundo a companhia, foi feito para abastecer as lojas com as coleções de verão, que neste ano ficaram mais tempo em exposição devido ao Carnaval tardio. A Renner mais uma vez apresentou os melhores resultados no período, com alta de 19,2% no lucro e de 4,5% na receita.
Outra companhia com resultado favorável foi a Arezzo, que fechou o quarto trimestre com alta na receita de 19,4% e de 6,92% no lucro líquido. A conta de estoques cresceu 3,3% no período, para R$ 110,5 milhões. A Arezzo abriu 22 lojas em 2016 e planeja inaugurar de 25 a 30 lojas neste ano.
A Grendene teve o resultado afetado principalmente por exportações, fechando o quarto trimestre com queda de 7,2% na receita e alta de 2,8% no lucro. A companhia manteve a conta de estoques praticamente estável em R$ 260,6 milhões. Para 2017, a companhia informou que espera estabilidade nas vendas no mercado brasileiro.
Fonte: Valor Econômico