França é líder no luxo, na moda…e agora também na sustentabilidade. Na recente reunião do G7 em Biarritz, Emmanuel Macron anunciou um projeto único, o Fashion Pact. É uma espécie de Acordo de Paris do setor da moda, em que 150 das melhores e maiores marcas de moda do mundo se comprometeram a trabalhar juntas para reduzir o impacto ambiental do setor.
O desafio foi lançado por Macron há uns meses a François-Henri Pinault, CEO do Grupo Kering, um dos maiores grupos de luxo do mundo e dono da Gucci e Bottega Veneta entre outras marcas. O Fashion Pact conseguiu reunir marcas e empresas concorrentes em torno de metas de sustentabilidade, onde a colaboração é a palavra de ordem numa indústria altamente competitiva. Chanel, Giorgio Armani, Prada, Hermès, Burberry são algumas das marcas de luxo que se juntam a Adidas, Nike, Gap, aos gigantes do fast fashion Zara (Grupo Inditex) e H&M, além de retalhistas como Selfridges e Nordstrom. Todos de mãos dadas pelo ambiente.
A indústria da moda produz cerca de 80 biliões de peças de roupa por ano (o que dá uma média de 10 peças por pessoa!), e toda esta cadeia de produção e distribuição tem um enorme impacto no planeta. Mas é esta a essência do fast fashion — um excelente negócio, segundo o Sr. Amâncio Ortega, dono da Inditex — maior consumo a menores preços. E quem não gosta de comprar aquela t-shirt fashion a um preço acessível? O problema surge passados uns meses quando realizamos que a dita t-shirt já está out …e agora? Fast fashion é tipo pastilha elástica, usa e deita fora, quantidade e não qualidade. A maioria da roupa acaba num aterro ou é incinerada (só 15% é doada ou reciclada). Mas há alternativas a este gigante desperdício e custo ambiental, graças a uma crescente consciência em relação à sustentabilidade.
Green é uma tendência recente, mas acredito que veio para ficar. Sobretudo porque “There is no Planet B” (‘Não há Planeta B’), como diz Mike Berners-Lee. Há 15 anos quando lancei a marca de eco design Tela Bags, com os seus acessórios de moda produzidos a partir de materiais reaproveitados, era sem dúvida um mercado de nicho. Hoje há cada vez mais marcas eco-friendly, e consumidores mais conscientes e exigentes. A pioneira Stella McCartney, além de vegan e de usar materiais reciclados nas suas coleções desde a criação da sua marca, está a desenvolver uma ferramenta com a Google para quantificar o impacto ambiental do algodão e viscose, para assegurar a sustentabilidade da sua produção. A Prada só usa nylon reciclado. A marca Gabriela Hearst usa lã das ovelhas do rancho no Uruguay da própria designer, defende o “honest luxury” e diz que a sua roupa é feita para durar várias gerações. A Zara está a apostar nos materiais orgânicos e reciclados.
Estas são algumas das iniciativas já em curso que o Fashion Pact pretende alargar. Os objetivos definidos neste acordo focam três áreas: aquecimento global (0 emissão de gases com efeito estufa até 2050), biodiversidade (proteção de espécies e habitats naturais), e preservação dos oceanos (redução do uso de plástico). Metas ambiciosas que obrigam a mudanças em toda a cadeia da indústria, e a investimentos avultados.
Fonte: Vida Extra