As empresas de varejo de moda estão adotando posições cautelosas nos pedidos a fornecedores para o fim do ano, conforme o setor ainda segue com o pé atrás sobre as vendas do período diante de persistentes incertezas sobre a economia brasileira.
O diretor executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX), Edmundo Lima, disse que o consumidor ainda está arredio e, assim, os grandes varejistas estão trabalhando com muita cautela neste semestre, principalmente para as vendas de fim do ano.
“A maioria dos varejistas está trabalhando com cenário igual ao de 2015, quando as vendas (no fim do ano) não foram boas”, disse Lima, observando que, no comércio mais popular, há um leve viés de alta para as vendas e, assim, para os estoques.
Por trás da atitude ainda conservadora estão variáveis econômicas como emprego, crédito e renda que ainda não estão acompanhando a melhora esboçada em indicadores de confiança dos consumidores e empresários.
O diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, avalia que há uma expectativa de um Natal melhor este ano em relação a 2015, mas pondera que a retomada das vendas será muito lenta.
“O horizonte do segundo semestre pronuncia ser melhor do que o segundo semestre de 2015… mas quanto o varejo vai vender a mais é uma grande interrogação que temos”, afirmou.
O varejo de moda no país tem entre os principais representantes grupos como Lojas Renner, Cia Hering e Guararapes. Procuradas, as empresas não comentaram o assunto.
No ano passado, dezembro registrou queda de 7,1 por cento nas vendas no varejo como um todo em relação ao mesmo mês de 2014, de acordo com dados do IBGE, sendo que o setor de tecidos, vestuário e calçados recuou 10,3 por cento. (http://bit.ly/2cJ4V8e)
Em 2016, as vendas no comércio acumulam até julho queda de 6,7 por cento, com o grupo tecidos, vestuário e calçados apresentando declínio de 11,6 por cento.
Pimentel disse que algumas fábricas, particularmente aquelas que vendem a grandes varejistas, estão com pedidos fechados para o fim do ano e têm observado uma melhora lenta nas encomendas, enquanto o cenário das que trabalham com multimarcas segue difícil.
“Ninguém tem fôlego financeiro para estocar e não vender”, afirmou Pimentel, citando que a cadeia toda está trabalhando com intervalos de tempo entre pedido e entrega apertados.
A FecomercioSP divulgou recentemente que a proporção de empresários do comércio varejista da Região Metropolitana de São Paulo que consideram seus estoques adequados ultrapassou em agosto os 50 por cento pela primeira vez desde julho de 2015, ficando ,porém, em 50,5 por cento.
De acordo com Lima, da ABVTEX, os varejistas estão trabalhando com níveis bem justos de mercadorias em estoque, cada vez mais administrando muito de perto a demanda para que no caso de vendas abaixo da expectativa não tenham excessos que os obriguem a fazer remarcação de preços.
“Todos os varejistas estão fazendo uma gestão de estoque mais rigorosa…comprando com mais frequência e em menor quantidade”, reforçou.