O mercado de moda esportiva sofreu como todo o setor de vestuário o impacto da recessão econômica no ano passado, mas tem perspectiva de uma pequena recuperação em 2017.
De acordo com a consultoria Iemi Inteligência de Mercado, o consumo de moda esportiva no Brasil fechou 2016 com queda de 0,9% em volume, chegando a 738,3 milhões de peças. Em receita, houve aumento nominal de 3,8%, para R$ 11,4 bilhões – descontada a inflação, houve perda real de 2,6%. No segmento de calçados esportivos, o recuo foi ainda maior, de 10,2% em volume e de 3,9% em receita, para R$ 4,5 bilhões (com queda real de 2,5%).
Para este ano, a previsão é de um incremento de 1,7% nas vendas de moda esportiva em volume e de 7,4% em receita. Em calçados esportivos, a Iemi projeta aumento de 1,2% em volume e de 5,9% em receita. “O setor terá um desempenho parecido com o de 2015, o que não é grande coisa, mas representa um começo de retomada”, afirma Marcelo Prado, diretor da Iemi.
Projeções para 2017 indicam aumento de 1,7% em volume de vendas e de 7,4% em receita do setor
“O mercado é competitivo e não existe uma perspectiva de grandes crescimentos daqui para frente. Só quem oferecer um bom custo benefício, produtos inovadores e com design atual vai continuar bem no mercado”, diz Javier Landa, diretor de marketing da Adidas Brasil. Sem citar números, ele disse que o mercado de artigos esportivos para a Adidas ficou estável, pelo impacto da Olimpíada no Rio e o crescente interesse dos brasileiros pela prática de esportes. “Apesar de não representarem uma oportunidade tão grande quanto uma Copa do Mundo, os Jogos trouxeram sucessos, como as vendas da bola Errejota”, disse Landa.
Ainda segundo o executivo, os consumidores seguem a tendência global de busca por peças esportivas com mais apelo de moda. Ao mesmo tempo, a moda inspirada no esporte também ganha espaço. A Adidas investe nas duas áreas. Landa cita como categoria em expansão a de moda esportiva feminina. Além de ter lançado em 2016 a linha PureBoost X de tênis de corrida para mulheres, a Adidas desenvolve parcerias nacionais com as marcas Farm e Salinas, com produtos para o público feminino.
Camila Maranezzi, diretora de marca para NikeWomen Brasil, disse que 2016 foi um ano “muito bom” para a empresa no país. “A marca conseguiu se conectar bastante com o público brasileiro por conta dos Jogos Olímpicos e de eventos realizados pela companhia para atrair o público feminino”, afirmou Camila.
A Nike desenvolveu em São Paulo e no Rio de Janeiro programas de treinos e corridas periódicas com o objetivo de atrair o público feminino, que tem crescido em demanda por artigos esportivos e moda casual. Segundo a executiva, nas sessões de treino para corridas realizadas no ano passado, 90% do público era feminino. enquanto nas sessões de treino funcional o índice foi de 60% a 70%. “No Brasil, só 20% das mulheres praticam esporte regularmente. É um desafio trazer mais mulheres para o esporte”, disse Camila.
Em relação às linhas de moda, a executiva disse que a Nike reforçou a oferta de produtos esportivos para mulheres e também linhas de moda casual com apelo esportivo. A empresa informou que tem uma expectativa positiva para 2017, mas não divulgou previsão de vendas.
A demanda aquecida do público feminino favoreceu empresas especializadas em produtos de moda com apelo esportivo. Uma delas é a Memo, da empresária Patricia Birman – filha de Anderson Birman, fundador da Arezzo. Patricia está à frente da Memo desde 2012. A empresa tem duas lojas próprias e um site de comércio eletrônico. A marca também é vendida nos sites OQVestir, Shop2gether, Zattini, Netshoes e Centauro. As coleções são desenhadas pela equipe da Memo e a produção é feita por fabricantes terceirizados.
No mês passado, a Memo fechou acordo com a rede Centauro para venda de suas coleções de moda casual feminina em 25 lojas físicas. “As redes especializadas têm procurado ampliar a oferta de produtos de moda esportiva feminina para atender à demanda das mulheres por produtos que ofereçam conforto e beleza. A mulher faz muita coisa no seu dia, precisa ficar bem vestida o dia todo e se sentir confortável”, diz Patricia. Sem citar números, ela disse que a receita da Memo é pequena, mas as vendas cresceram 30% em 2016 nas lojas próprias e 40% nas multimarcas e na internet. Para 2017, a meta é manter ritmo “acelerado” de expansão, com ampliação da distribuição no varejo multimarcas.
Outra fabricante que se favoreceu com o cenário foi a Lauf, das sócias Anna Guinle e Marina Rovery. A empresa criada há três anos tem duas lojas próprias em São Paulo e quatro lojas de franquia em Cuiabá, no Rio de Janeiro, em Vitória e São Paulo. Marina disse que três lojas de franquia foram abertas entre novembro e dezembro de 2016. Estão previstas mais duas unidades em São Paulo, neste ano. “A meta fortalecer a marca na região Sudeste, por meio das franquias”, disse Anna.
A marca Lauf também é distribuída em 30 lojas multimarcas. Em dezembro, fechou acordo com a Centauro para vender uma coleção exclusiva de moda feminina em 24 lojas físicas. As executivas disseram que as vendas triplicaram em 2016 e a previsão para este ano é crescer dois dígitos.