A fatia da moda fluminense no comércio do estado é mais robusta que a da média no país. Equivale a 7,6% do varejo do Rio de Janeiro, contra 6,2% no Brasil. O principal pilar desse número mais robusto está na geração de empregos formais no segmento. Em âmbito nacional, dos 2,4 milhões de postos de trabalho com carteira assinada gerados pela moda, perto da metade (48,4%) está no comércio. No Rio, são mais de 80% dos 180 mil postos formais. O retrato do setor está no primeiro Observatório do setor de moda elaborado pelo Sistema Fecomércio-RJ.
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— O estudo é um primeiro passo para mapearmos o peso econômico da moda fluminense e os arranjos produtivos locais (APL) do setor para avançarmos. No fim do ano, teremos um levantamento setorial completo, com propostas, inclusive de políticas públicas, para melhorar a competitividade do segmento fluminense — explica Glória Amorim, diretora de políticas estratégicas do Sistema Fecomércio-RJ.
Os incentivos tributários estão em pauta, diz ela. No ano passado, a cadeia produtiva do setor respondeu por 2,8% do recolhimento com ICMS pelo Estado, superando R$ 1 bilhão. Deste total, R$ 880 milhões foram gerados pelo comércio de moda.
— Nosso foco é trabalhar para aumentar a produtividade. O benefício, se concedido de forma criteriosa, resulta em geração de emprego e renda, e no aumento da arrecadação estadual — defende ela.
O setor de joias, por exemplo, teve a alíquota de ICMS reduzida à metade para 6%. Entre 2008 e 2015, ampliou em 184% a arrecadação buta do tributo, segundo a AjoRio, que reúne as empresas do segmento.
A recessão, diz o estudo da Fecomércio-RJ, afetou a produtividade e as vendas no mercado de moda. Mudanças recentes no cenário macroeconômico, contudo, seriam um aceno para novas oportunidades:
— A queda da inflação e da taxa de juros vão trazer melhora à atividade. E já identificamos tendências consistentes para avançar como o uso do e-commerce, focar em inovação, sustentabilidade e consumo consciente, além do marketing digital. O consumidor mudou. Busca peças menos sazonais, custo benefício — enumera Glória.
As marcas cariocas estão seguindo nessa trilha. Criada em 2011, a Movin segue o conceito de consumo inteligente. Tem produtos feitos em tecidos inovadores, como de bambu, algodão orgânico ou biodegradável, com modelagem atemporal e durável, explica o sócio Pedro Ruffier:
— Nascemos com a proposta de ser uma marca sustentável, com um modelo de negócio diferenciado. Tivemos maior aceitação no mercado externo, já em 2013. Aqui no Brasil, é um conceito que só ganhou força recentemente. Abrimos o e-commerce um ano atrás, e já estamos em cinco multimarcas. Agora, vamos ampliar atuação ao atacado nacional participando do Veste Rio.
O Veste Rio, que vai até domingo no Píer Mauá, é apresentado pelo Sistema Fecomércio RJ, por meio do Sesc e Senac, com patrocínio do Sistema FIRJAN, Banco do Brasil, Sebrae, companhia aérea oficial Azul, Shopping Oficial Rio Sul, apoio da Fashion Label Brasil, Abest, Texbrasil, Abit e Apex-Brasil e realização da Vogue Brasil e caderno Ela.
A terceira edição do evento será palco para o lançamento do Molde, um selo de excelência em moda desenvoldido pela Fecomércio-RJ, para certificar pequenas e médias empresas de moda do Rio nas áreas de gestão, inovação, responsabilidade, social e serviços e operações. O programa terá início com um grupo de dez marcas pré-selecionadas. O objetivo é ampliar a produtividade e a qualificação das empresas do setor.
Depois do pior ano da história do varejo — as vendas recuaram 6,2%, pior resultado desde o início da série apurada pelo IBGE, em 2001 — este ano começou com maior fôlego.
— Em janeiro e fevereiro nossas vendas subiram em 20% e 30%, respectivamente, na comparação com esses mesmos meses de 2016. Março já não teve avanço tão forte. Abril, para o varejo em geral, está ruim, mas pode ser efeito dos feriados. No nosso caso, indo muito bem no atacado — conta Leo Wainstok, sócio da Lucidez.
Forte no atacado, a marca carioca de moda feminina mergulhou no varejo há dois anos:
— Com a restrição de crédito que se desenhava, acreditávamos que as vendas no atacado iriam cair. O varejo é uma operação mais garantida. Exigiu investimento, mas deu resultado e funciona ainda no fortalecimento da marca — disse Wainstok, que já soma quatro lojas físicas.
A Mr. Cat, de calçados, é outra revisando estratégias para crescer:
— Mudamos a estratégia de marketing, trocando campanhas com grandes celebridades por um calendário de eventos em franquias da Mr. Cat em todo o país. Já vemos aumento de vendas no primeiro trimestre de 2017. Outra coisa é que passamos a priorizar o crescimento da rede por meio de franqueados — diz Adriana Svartsnaider, diretora criativa do feminino do grupo.
A marca já conta com 216 lojas no país, sendo 195 franquias. Em 2016, inaugurou 20 unidades. A previsão para este ano é abrir mais 20.
Fonte: O Globo