A startup brasileira Decora se destacou na difícil tarefa de digitalização de produtos. A empresa foi responsável por criar as versões digitais dos produtos da Mobly, varejista on-line de móveis. Em março deste ano, a Decora foi vendida por 100 milhões de dólares à americana CriativeDrive.
A startup registrou crescimento de 1.000% em volume de produção de ativos ao longo de 2017 e atingiu a marca de 15 mil imagens digitalizadas para abastecer os sistemas de realidades aumentada e virtual da Mobly e de outros e-commerces.
A Mobly recorreu à realidade aumentada para dar vida longa ao seu app de vendas. João Paulo Baccarin, gerente de Marketing da empresa, diz que antes da implementação da realidade aumentada no app era difícil convencer o consumidor a baixá-lo ou mantê-lo por muito tempo. “A pessoa mantém o aplicativo quando ela enxerga valor naquilo e quando recebe um serviço melhor”, avalia.
Caos organizado
Baccarin garante que o banco de dados da Mobly consegue apresentar mais do que produtos em realidade aumentada para o consumidor, mas também integra essa tecnologia ao banco de dados que a empresa possui, o que se mostra essencial para um comércio eletrônico que conta com 150 mil produtos em seu acervo, quase quatro vezes mais que o número SKUs em um hipermercado. Sem big data, a experiência da realidade aumentada torna-se um passeio digital por um mundo caótico.
Ele afirma que o papel do app está ainda muito mais relacionado à publicidade da marca e de seus produtos que à compra de fato. “É muito comum as pessoas navegarem no mobile por muitos dias ou horas e finalizar a compra no desktop. A ideia é virar a mesa. Deixar a experiência mobile tão boa que o consumidor também se sinta confortável para comprar por app”, planeja. A rede espera que as vendas via aplicativo alcancem 30% do total até o fim deste ano.
Barreiras
O coordenador do MBA em Varejo e Mercado de Consumo da USP, Marcos Luppe, aponta que iniciativas como da Via Varejo e da Mobly estão ainda deslocadas da realidade do varejo nacional. “São iniciativas ainda para testar o que vai funcionar e o que não”, opina.
Para ele, as soluções em realidade virtual e realidade aumentada pelo mundo estão efervescendo, mas encontram entraves importantes no Brasil relacionados ao atraso tecnológico. “Um limitador para a tecnologia de realidades aumentada e virtual é a capacidade dos celulares dos consumidores”, avalia.
Fonte: Novarejo