A Ammo Varejo, empresa da Coteminas que reúne as redes de varejo MMartan, Artex e Casa Moyses, coloca no ar neste mês o seu serviço de comércio eletrônico integrado com as lojas de franquia das redes MMartan e Artex. O diferencial está na forma como o pedido é processado.
A Ammo Varejo desenvolveu um modelo em que praticamente toda venda feita no site é faturada por uma das lojas da rede de franquias. O ponto de venda também fica responsável pela entrega. A MMartan tem hoje 129 franquias e 31 unidades próprias. Na Artex, são 24 franquias e 43 próprias.
Muitas varejistas que possuem lojas físicas e comércio eletrônico oferecem para os consumidores a opção de comprar no site ou aplicativo e retirar o item na loja. Mas a venda é geralmente faturada pelo site e o produto vai do centro de distribuição para o ponto de venda ou para a casa do cliente, dependendo da sua escolha.
A companhia desenvolveu, com tecnologia de inteligência artificial da IBM, um algoritmo que avalia quais lojas possuem o produto que o internauta solicitou no site e aquela que oferece o tempo mais curto de entrega.
Essa ferramenta envia uma mensagem para a loja mais próxima do consumidor, informando o pedido. O lojista tem um prazo para confirmar se tem o produto em estoque e para aceitar a encomenda. Se a loja recusar o pedido ou não responder, a venda é repassada para outro ponto próximo. Se após três tentativas nenhuma loja puder atender, o pedido é faturado e entregue pelo centro de distribuição da companhia.
Marcius Lacerda, diretor da Ammo Varejo, disse que com esse modelo é possível entregar o produto um dia após a compra realizada no site. A entrega das encomendas que saem das lojas é feita pelos Correios, mas a companhia também estuda usar os serviços de empresas como Uber, 99 e Vá de Táxi.
As lojas de franquia recebem um reembolso pelo gasto com o frete. “O algoritmo sempre vai priorizar a loja mais próxima e que seja franquia. O pedido só será atendido por uma loja própria ou pelo centro de distribuição se não houver opção”, afirmou Lacerda.
De acordo com o executivo, em 2016, a companhia fez vendas on-line para 1.569 municípios, mas 60% foram nas capitais – que já contam com lojas físicas. Em São Paulo, por exemplo, 95% das vendas on-line podem ser atendidas por lojas físicas. No Rio de Janeiro e em Porto Alegre, os índices são de 92% e 90%, respectivamente. “À medida que aumentarem as vendas on-line, as franquias terão que ajustar seus estoques”, observou.
Ainda de acordo com a companhia, o consumidor que compra apenas na loja física realiza, em média, uma compra por ano, com valor médio de R$ 728. O cliente que só compra on-line faz, em média, 1,2 compra por ano e gasta, em média, R$ 585. Já quem compra no site e na loja realiza, em média, 3 compras e gasta R$ 1.730 por ano.
“O comércio eletrônico cresce rapidamente no país. Tenho certeza que com esse projeto a companhia terá uma transformação exponencial”, afirmou Josué Gomes da Silva, presidente da Coteminas.
O projeto começou a ser desenvolvido em junho de 2016, por uma equipe interna da Ammo Varejo, que conta atualmente com 50 pessoas. A companhia recebeu consultoria da empresa de tecnologia MJV Technology & Innovation e do escritório de advocacia Baril Advogados Associados para fazer os contratos com os franqueados.
A adesão da loja de franquia ao serviço de comércio eletrônico é voluntária. A Ammo Varejo está na fase de fechamento dos contratos com os franqueados.
No acumulado de janeiro a julho deste ano, as vendas no comércio eletrônico da companhia cresceram 34% em relação ao mesmo período de 2016. Em julho, comparado ao mesmo mês do ano passado, o aumento foi de 86%. Entre as fabricantes de produtos de cama, mesa e banho, a concorrente Karsten também possui site de comércio eletrônico, mas a empresa não respondeu ao pedido de entrevista.
Altino Cristofoletti Júnior, presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF), disse que a maior parte das empresas franqueadoras têm buscado formas de integrar a operação do site com as lojas. “Nas áreas de cosméticos e de cursos de idiomas esse processo já está mais avançado. O desafio é oferecer uma experiência padronizada, de forma que o consumidor tenha a mesma experiência no site, em uma loja própria ou em uma loja de franquia”, afirmou.
Fonte: Valor Econômico