Ao longo de 2016, quando a economia nacional recuou 3,6%, o mercado brasileiro de pet cresceu 4,9%, faturando R$ 18,9 bilhões, segundo os dados da Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação). A Euromonitor International aponta que os números do Brasil o colocam como o terceiro maior mercado do mundo, ocupando uma fatia de 5,14% do total de 108 bilhões de dólares do mercado mundial, ficando atrás apenas de Estados Unidos e Reino Unido.
O mercado de comidas é o que corresponde à maior fatia do mercado brasileiro, com 67,3% do faturamento. Em seguida, banho e tosa e outros serviços, com 16,8%. O segmento de pet care (que compreende equipamentos, acessórios e produtos de beleza) é o terceiro que mais fatura, com 8,1%. Os produtos veterinários ocupam a quarta posição, com 7,8% do faturamento do mercado.
Os números preliminares de 2017 da Abinpet apontam para um crescimento no faturamento de cerca de 7%, superando os R$ 25 bilhões. Segundo Nelo Marraccini, vice-presidente de comércio e serviços do Instituto Pet Brasil, o motor do crescimento dos gastos com pets é o afeto. O especialista afirma ainda que as classes com menor poder aquisitivo são as que mais gastam com animais de estimação.
“Cerca de 60% dos produtos pet são consumidos pelas classes C, D e E. O mercado cresce porque o pet é parte da família e os serviços e produtos não deixam de ser comprados, sofrem apenas uma readequação para caber no orçamento”, afirma Marraccini.
Lojas virtuais
A venda on-line no país dobrou nos últimos cinco anos e a estimativa é de que 500 lojas virtuais sejam criadas todo dia no Brasil, impulsionadas pela popularização da internet móvel de alta velocidade e das ferramentas que permitem a comparação de preços de forma simples, como os marketplaces.
A Dot Pet é um marketplace criado em setembro de 2017 e que registra um crescimento de 100% ao mês desde então. O presidente da Dot Pet, Rabih Hanna, aponta que o crescimento exponencial da sua empresa está ligado ao déficit digital no setor e às dificuldades que os pet shops menores têm de construir suas próprias lojas na internet.
“Eles (os petshops menores) não estão nesse mundo. O mercado digital começou a funcionar por nicho e o de pet é dos mais carentes (em relação à participação na internet). Os pet shops de bairro não têm nada de divulgação na internet e para fazer um site ou um e-commerce fica muito caro”, avalia Hanna.
A Dot Pet tem um aplicativo que conecta consumidores, varejistas e prestadores de serviço do mercado pet em um único ambiente e identifica os locais mais próximos numa área de oito quilômetros de raio, o que permite garantir entregas de produtos em no máximo duas horas.
Atendimento
Jefferson Braga, consultor especializado no mercado pet e fundador da PetConsult, afirma que o mercado é muito convidativo para quem vê de fora, mas guarda dificuldades consideráveis. “É, à primeira vista, uma piscina azul em um dia ensolarado. Mas você pode acabar entrando numa gelada”, alerta.
Braga afirma que há um inchaço no mercado e que muitas empresas acabam oferecendo mais do mesmo, um pecado mortal na era do varejo de experiência. Segundo o consultor, muitos investidores e empreendedores não percebem a peculiaridade de atuar em um mercado de nicho e se esquecem de que precisam oferecer uma boa experiência de compra para o pet, mas também para seu dono. “O grande cliente é o ser-humano. Algumas empresas se voltam muito para o animal, mas não é o animal que tem o cartão de crédito”, provoca.
Além disso, há uma tendência de abertura de negócios sem a devida estruturação, tocada por empreendedores que gostam do mercado, mas que não se preparam para os desafios. “As pessoas montam um negócio porque gostam de pet, mas têm que gostar de ganhar dinheiro também”, conclui Braga.
Fonte: Novarejo