Marcas de moda vão precisar separar as oportunidades concretas do hype para gerar fluxos de receita sustentáveis
Por Redação
A pandemia acelerou a mudança para o digital na indústria da moda, com a expansão de compras online, acessórios virtuais e até compras sociais, além do surgimento do Metaverso. E isso é apenas o começo. Um novo estudo revela que os players da moda dobrarão seus investimentos em tecnologia até 2030 para otimizar a experiência do cliente e lidar com questões de mudanças climáticas, incluindo personalização, lojas conectadas, novos mundos digitais e sustentabilidade, principais focos de atenção.
O ano de 2020 foi crucial em termos de engajamento digital. A pandemia teve um grande impacto no tempo em frente às telas, que aumentou consideravelmente, principalmente entre os mais jovens, transformando os hábitos de compra e interação dos consumidores, que optam mais pelas redes sociais, jogos e os novos mundos virtuais. Os principais players da indústria da moda, em todos os segmentos, do fast fashion ao luxo, estão atentos e criando inúmeros projetos e iniciativas baseadas na inovação tecnológica. Compras online, live commerce, NFTs, moda digital e provas virtuais têm deixado sua marca nos hábitos de compra de clientes de muitas marcas, que também experimentaram, talvez prematuramente, as possibilidades oferecidas pela primeira Metaverse Fashion Week, realizada em março.
Embora essas transformações já pareçam representar mudanças significativas na indústria, elas podem ser o prenúncio de uma verdadeira revolução da moda, como sugere o estudo realizado pela McKinsey e The Business of Fashion. Espera-se que as empresas de moda invistam quantias significativas, se não recordes, em tecnologia no futuro próximo, passando de cerca de 1,6-1,8% da receita em 2021 para 3,0-3,5% em 2030, quase dobrando em menos de uma década. Esses números ressaltam o quão importante é para as marcas integrarem inovações tecnológicas, começando com inteligência artificial, para ajudar a “apoiar a sustentabilidade e criar uma experiência excepcional para o cliente”, destaca o estudo.
Integração de processos digitais, personalização e sustentabilidade
Em seu estudo “State of Fashion Technology”, McKinsey e The Business of Fashion destacam as áreas em que a indústria da moda precisa atuar para “maximizar seus recursos tecnológicos”. O metaverso, via NFTs e mo digital, encabeça a lista, mas a análise ressalta um ponto importante: “O valor de marketing da moda digital e dos tokens não fungíveis (NFTs) agora pode ser claro, mas as marcas de moda vão precisar separar as oportunidades concretas do hype para gerar fluxos de receita sustentáveis”.
À medida que as marcas se lançam nesses universos com um fluxo aparentemente interminável de iniciativas para conquistar consumidores jovens, parece que, de acordo com várias pesquisas, esse público ainda não está totalmente convencido. O objetivo das marcas será focar nas iniciativas que farão a diferença.
“As empresas de moda centradas em inovação e comercialização do Metaverso podem gerar mais de 5% da receita de atividades virtuais nos próximos dois a cinco anos. A tarefa dos tomadores de decisão, no entanto, será focar em oportunidades específicas”, diz o documento.
Isso também pode implicar uma experiência cada vez mais personalizada, usando, em particular, a inteligência artificial para melhorar o relacionamento entre as marcas e seus clientes, e fideliza-los. Podendo começar com compras online, mas continuando nas lojas, com o objetivo de oferecer lugares físicos cada vez mais conectados.
“Os executivos da indústria da moda podem abordar os pontos de atenção do consumidor usando aplicativos móveis na loja para aprimorar a experiência e as tecnologias de microfabricação para aproveitar o espaço físico na era do comércio rápido”, dizem os especialistas. A ideia geral é diminuir o distanciamento entre lojas físicas e virtuais e torná-las complementares.
A tecnologia também terá que se colocar mais a serviço de uma moda mais sustentável e transparente, em resposta aos consumidores mais exigentes nessas questões. “Os sistemas de rastreabilidade alimentados por software de rastreabilidade e big data ajudarão as marcas de moda a ir além em suas cadeias de suprimentos para entender todo o ciclo de vida de seus produtos”, diz o estudo.
Seja dedicada à criatividade, ao artesanato, à sustentabilidade ou à experiência de compra, a tecnologia será parte integrante do processo de compra de moda dos consumidores em um futuro não muito distante. A questão agora é como as marcas vão colocá-la em prática.
Fonte: Fashion Network