A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostrou que em agosto 58% das famílias brasileiras estavam endividadas.
Esse resultado é 0,3 ponto percentual maior do que o observado em julho, 57,7%, e interrompe uma queda de seis meses consecutivos, analisa a entidade, embora seja menor na comparação anual. Eram 62,7% em agosto de 2015.
“As dívidas vinham diminuindo em função da retração do consumo. Essa mudança de comportamento pode indicar alguma melhora, porém as altas taxas de juros e o mercado de trabalho desaquecido continuam sendo um entrave para a retomada das compras. As famílias ainda estão inseguras para consumir e contrair novas dívidas”, analisou Marianne Hanson, economista da CNC, em nota.
Para 76,5% das famílias endividadas, o cartão de crédito é o principal tipo de dívida, seguido de carnês, com 15,3%, e financiamento de carro 11,1%.
“Entre os grupos de renda pesquisados, abaixo e acima de dez salários mínimos, o aumento
do percentual de famílias endividadas foi observado em ambos os grupos de renda, na comparação mensal”, mostrou o levantamento.
Dívidas em atraso e inadimplência
O percentual de famílias que têm dívidas em atraso com cheque especial, pré-datado, cartão de crédito, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro e carnê de loja chegou a 24,4% em agosto, e é maior do que o observado no mês anterior, 22,9%, e em agosto do ano passado, 22,4%. “As taxas de juros mais elevadas e o cenário menos favorável do mercado de trabalho impactam negativamente esses indicadores”.
A pesquisa mostrou ainda que o percentual das famílias que afirmaram não ter como pagar as dívidas e permanecerão inadimplentes foi de 9,4%. O resultado também é maior do que o de julho (8,7%) e o registrado há um ano (8,4%). O tempo médio de atraso para pagar as dívidas foi de 63,3 dias.
O tempo médio de comprometimento com as dívidas é de 7,2 meses, sendo que 34,9% possuem dívidas por mais de um ano, informou a CNC. “Do total das famílias brasileiras, 21,6% têm mais da metade da sua renda comprometida com o pagamento de dívidas”.