Por Mitchel Diniz | Mesmo com um número estável de lojas, o Madero conseguiu ampliar seu faturamento no primeiro trimestre de 2024. A receita líquida do período foi de R$ 449 milhões, com alta de 14,3% na comparação anual. A rede de restaurantes também registrou aumento do tíquete médio nos seus três principais formatos – Madero Stakehouse, Madero Container e Jerônimo.
Para este ano, os executivos falam em abrir “uma meia dúzia de lojas, no máximo”. Sem planos ambiciosos para ampliação da rede no curto prazo, o foco segue na captura de eficiência. “Ainda há muito o que fazer e melhorar”, afirmou Junior Durski, fundador do Madero, ao IM Business.
Controle rigoroso
Para arrumar a casa, o Madero passou a ter um controle mais rigoroso de estoques, interrompeu contratações e mudou a marca de ao menos 13 de seus restaurantes. Na maioria das conversões, unidades do Jerônimo passaram a ser Madero – o modelo de maior margem da rede, e cuja receita média anual é o dobro da dos demais.
O cardápio do Dundee, de frango frito e sanduíches de frango, passou a ser servido no Jerônimo. O mesmo aconteceu com o Legno, a linha de pratos italianos, que foi incorporada ao cardápio do Madero.
A empresa continua segurando investimentos e o capex recuou 44,1% entre janeiro e março deste ano, comparando ao primeiro trimestre de 2023, para R$ 9,7 milhões. Para se ter uma ideia, essa cifra oscilava acima dos R$ 340 milhões entre 2020 e 2021, quando o Madero investia a maior parte dos recursos na abertura de novos restaurantes. Mais tarde, com uma dívida bruta bilionária, Junior Durski admitiu que faltou critério no plano de expansão.
“Estamos com muita cautela no gerenciamento do caixa. Preferimos continuar melhorando nossa posição financeira. Estimamos que a partir do segundo semestre do ano que vem vamos poder retomar a expansão, mas em ritmo mais devagar”, afirma Ariel Szwarc, CFO do Madero.
“Quando estivermos totalmente normalizados, estimamos abrir de 30 a 40 restaurantes por ano. Mas isso ainda vai demorar”, complementa o executivo. Szwarc admite que uma retomada de aberturas poderia ser antecipada em até três anos caso o Madero conseguisse se capitalizar, com recursos de um investidor ou via oferta pública de ações (IPO).
“Seria algo conveniente, mas não que seja necessário. Estamos indo bem e podemos expandir aos poucos. Abrir mais 10 lojas no ano que vem, ou um pouco mais. Mas nada explosivo, sempre de olho no caixa”, diz o CFO.
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Durski voltou a dizer que a empresa está pronta para listar ações na Bolsa, mas confessa que já cansou de esperar por uma janela de oportunidade para fazer uma oferta. “Não vamos esperar o IPO acontecer para tocar a vida”.
Reversão de prejuízo
As vendas mesmas lojas (SSS), em restaurantes que já operam a pelo menos 12 meses, registrou crescimento de 9% no trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior. A receita com delivery cresceu 43,13% para R$ 89,6 milhões, o equivalente a 17,5% da receita líquida total da empresa.
“Estamos trabalhando de forma muito mais próxima com o Ifood, criando um menu melhor adaptado, com posicionamento de preço, de oferta. A visualização da nossa marca fica melhor”, diz Szwarc. A empresa também tem um canal próprio de vendas por delivery.
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Desde a segunda metade do ano passado, 42 unidades do Madero Container passaram a contar com drive thru. A novidade levou a empresa a repensar formas de acelerar sua produção e investir em novos equipamentos que agilizam o preparo do hambúrguer. Segundo Durski, o drive thru é capaz de incrementar em 30% as vendas de um Madero Container.
Caixa e endividamento
O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) ajustado do Madero cresceu 39,7% no intervalo de um ano, para R$ 124 milhões no primeiro trimestre de 2024. A margem passou de 23% para 28% na mesma base de comparação.
Com esse desempenho, a rede conseguiu fechar o trimestre com resultado líquido positivo de R$ 3 milhões. Reverteu, assim, um prejuízo de mais de R$ 40 milhões obtido no mesmo período do ano passado.
Junior Durski acredita que a empresa deve voltar a gerar caixa em 2025 e só a partir daí é possível pensar em expansão de um jeito “mais tranquilo do que antes”.
A dívida financeira líquida do Madero terminou o primeiro trimestre em R$ 720 milhões, após chegar a R$ 899 milhões em 2022. A alavancagem da empresa ficou em 1,57x, abaixo dos 2,32x de um ano atrás e bem distante dos 15,03x que a rede de restaurantes atingiu no auge da pandemia de Covid-19 em 2020.
O Madero terminou o trimestre com R$ 261 milhões em caixa, R$ 150 milhões a mais do que um ano antes. “Por causa do Ebitda, nós geramos muito caixa. Isso nos permitiu pagar os juros, amortizar uma parte do principal da dívida e aumentar o saldo”, afirma o CFO.
A dívida bruta da empresa fechou o primeiro trimestre de 2024 em R$ 981 milhões, com uma redução de R$ 15 milhões em relação ao mesmo período de 2023. Szwarc diz que o gerenciamento da dívida é um movimento permanente.
“O nível de risco do Madero não se compara com o de quatro anos atrás. No passado, privilegiamos a extensão de prazo, por precisar de tempo para se recuperar. Hoje, estamos muito mais focados em pagar a dívida e reduzir as taxas. Estamos em conversas com os bancos para obter uma redução relevante mais para frente”, anuncia o CFO.
Fonte: Infomoney