Setor cresceu 30% na pandemia puxado com gastos totais do brasileiro com o pet, que saltaram de R$ 384 para R$ 522 no caso dos cachorros
Por Victor Sena
O setor de serviços e produtos para pets têm migrado de comerciantes de bairro e hipermercados comuns para megastores especializadas.
Essa foi uma das conclusões da pesquisa CVA Petcare 2022. Essas lojas só para animais eram as preferidas para compras de apenas 12% dos donos de cães e gatos em 2014. Agora, em 2022, a preferência por elas chegou a 20,7%. Na última pesquisa, em 2020, a taxa estava em 18,4%.
Esse tipo de negócio pet cresceu puxado principalmente pela expansão das marcas Petz e Cobasi, que funcionam neste formato.
A Petz, fundada em 2013, abriu 37 lojas durante a pandemia e pretende inaugurar mais 50, o que é um reflexo da preferências do consumidor por essas casas especializadas.
Em 2021, a empresa teve um faturamento de 2,5 bilhões de reais, um salto de 45% ante 2020, como divulgado no balanço nesta quinta-feira.
A Cobasi tem mais de 100 lojas abertas em 11 estados no Brasil e conta com uma força de trabalho de 4.200 colaboradores. Em 2021, recebeu um aporte de 300 milhões de reais do fundo Kinea.
Em dois anos, o setor pet cresceu 30% e hoje fatura 50 bilhões de reais, como mostrou a reportagem de capa da EXAME do mês de fevereiro.
Até pouco tempo, o Brasil nem sequer figurava entre os dez principais mercados de produtos pet. Hoje, ocupa o sexto lugar e, em categorias como ração, só perde para os Estados Unidos em vendas. Nas contas da consultoria Euromonitor, só o varejo pet deverá movimentar 11 bilhões de dólares em 2026, alta de 70% sobre o volume atual de vendas.
“As mega pet shops estão trabalhando inclusive com adoção, oferecem todos os serviços. Elas foram inteligentes. Com a adoção é um “ganha-ganha” para todo mundo. Ela cresce ao fazer isso. Ao invés de pegar um consumidor e continuar vendendo sem saber nada sobre, elas mantêm um relacionamento, pegam os dados, e tem programa de fidelidade. Mandam mensagem quando a ração estiver para acabar, por exemplo. Diferentemente do supermercado, elas foram inteligentes ao promover um relacionamento de digital”, explica Sandro Cimatti, analista responsável pela pesquisa CVA Petcare.
Cimatti também explica que os negócios das megastores estão “com a cabeça de ecossistema”, e não mais só de varejo.
“Não é vender só comida e brinquedinho, mas é vender comida, brinquedinho, produtos veterinários, serviços. Nela tem mercado para tudo. Para um alimento mais caro, para o barato. Tem mercado para os acessórios. Tem produto que gera recorrência”, diz.
A pandemia – e o isolamento social – foi um dos fatores que podem explicar o crescimento dos gastos com animais de estimação. Nas contas do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal, 30% dos lares brasileiros com um animal doméstico são de pessoas que adotaram durante a pandemia.
O aumento de gastos com cães e gatos é explicado por Cimatti como uma mudança cultural na relação das pessoas com os animais. Hoje, os pets são mais integrados às famílias, o que aumenta preocupação com higiene, saúde e, claro, também faz crescer o que é investido com mimos e brinquedos.
“A cada ano que passa vai havendo uma humanização, um sentimento de filho. O pet hoje é mais mimado, e aí recebe mais cuidado. Ele vive mais dentro de casa, vive dentro do quarto. Aí é todo um ecossistema que se forma em torna desse ‘filho’. A história do filho é antiga, mas o ecossistema oferecendo tanta coisa é novo. E aí as marcas competem.”
Em 2020, a média mensal de gastos era de 384 reais. Agora é de 522.
Com a pandemia, a preferência do brasileiro por gatos também aumentou e o tamanho dos cachorros diminuiu. A média, em 2020, era de 13,4 quilos. Agora é de 13,2. Isso porque mais pessoas que moram em apartamentos sentiram necessidade do animal.
Fonte: Exame