Embora o nome fintech seja uma invenção recente, empresas de tecnologia em pagamento não são nenhuma novidade. Criado em 2004, o Mercado Pago, parte do guarda-chuva do Mercado Livre, foi uma das primeiras a operar no Brasil.
Agora, com operação independente do ML em lojas que não fazem parte do seu marketplace inicial, o Mercado Pago comemora seus resultados: o volume de pagamentos no segundo trimestre de 2016 cresceu 102% neste segmento, repetindo o sucesso dos últimos cinco trimestres com crescimento de 3 dígitos.
Além dos pagamentos via lojas eletrônicos, o Mercado Pago hoje opera um aplicativo que permite recarga de celular, envio e recebimento de dinheiro e, claro, pagamentos.
Ao todo, dentro e fora do Mercado Livre, foram realizadas 31,9 milhões de transações de pagamentos via Mercado Pago no período, o que representa um crescimento de 76% ano sobre ano. O volume total de pagamentos online e offline foi de US$ 1,81 bilhão.
Dois mil e dez marcou o ano em que o Mercado Pago passou a oferecer seus serviços para lojistas de fora do Mercado Livre. “Modéstia às favas, a gente faz gestão de risco muito bem, por isso o sucesso na adesão foi grande e crescemos tanto”, comemora o vice-presidente do Mercado Pago no Brasil, Marcelo Coelho, em entrevista ao InfoMoney.
Hoje, a forma de pagamento atende desde pequenos lojistas até grandes nomes do varejo, como Whirlpool e Polishop. A essas conquistas, o executivo credita principalmente a tecnologia usada pela companhia, que hoje, segundo ele, é a “melhor que existe”.
Fintechs no Brasil
A explosão de fintechs no país – “já são centenas delas” – é vista com bons olhos por Marcelo, e um movimento quase inevitável. “Tudo no mundo está sendo desrompido pela internet: o comercio eletrônico foi uma onda, a mídia, os jornais, revistas, vídeo, televisão, streaming. Tudo vem sendo intermediado pela internet, que vem rompendo com esses modelos de negócios do século XX. Não é diferente da própria tecnologia de pagamento”, prevê.
“É importante ressaltar que todas as empresas de pagamento eletrônico no mundo são, desde a sua concepção, empresas de tecnologia financeira. A diferença é que na primeira onda de empresas de tecnologia financeira esse nome não existia”, comenta o executivo.
Na comparação com o mercado internacional, as fintechs no Brasil têm uma diferença fundamental: a necessária integração com o sistema bancário. “Aqui, [esse tipo de empresa] toca na regulamentação do Banco Central, que existe desde 1964 e que é muito bem-sucedida: enquanto vários países passaram por crises bancárias muito fortes, o Brasil vem numa situação muito confortável”, opina.
Isso significa, portanto, que a tendência seria os bancos brasileiros mergulharem cada vez mais nessas tecnologias permitindo o que ele chama de “desintermediação”. “Há centenas de empresas operando essa movimentação, esse é um desafio que está sendo trabalhado”, conclui.