A plataforma de meios de pagamento do Mercado Livre lançou nesta terça-feira oferta de crédito para vendedores do site e que usam as máquinas de cartões do grupo, reforçando sua capacidade de geração de negócios em um momento em que a rivalidade no setor cresce e a economia volta a avançar.
A companhia, por meio da unidade Mercado Pago, iniciou testes com o produto há seis meses no Brasil, depois de lançar a oferta de crédito para os vendedores na Argentina e no México no ano passado. O objetivo, além de atrair os vendedores, é ofertar crédito também para os compradores deles nos próximos meses, afirmou o diretor do Mercado Pago no Brasil, Tulio Oliveira.
Durante os testes no Brasil, a oferta de crédito atraiu 18 mil clientes, que tomaram 250 milhões de reais em empréstimos, disse o executivo. O volume de clientes é mais que a metade dos 25 mil clientes que contrataram empréstimo com o Mercado Pago onde o serviço foi lançado, disse o vice-presidente sênior do Mercado Crédito na América Latina, Martín de los Santos.
A oferta de empréstimo tem parceria no Brasil com o banco Topázio, do Rio Grande do Sul, e com a financeira BMP MoneyPlus. Além da parceria na concessão dos empréstimos, o grupo Mercado Livre montou um FDIC para captar recursos para o negócio, disse Oliveira. Segundo Santos, até agora a inadimplência média das operações na região é de 2 por cento.
O lançamento do produto de empréstimos acontece poucos dias após a PagSeguro, do grupo UOL, fazer o maior IPO de uma companhia brasileira desde abril de 2013, movimentando cerca de 2,3 bilhões de dólares. Outra processadora brasileira de pagamentos, a Stone, também planeja um IPO nos próximos meses, disseram fontes à Reuters este mês.
O Mercado Livre tem diversificado operações nos últimos meses, passando a oferecer frete gratuito, fazendo parcerias com livrarias como Saraiva e Cultura e também testando ferramentas para venda de veículos pelo site, algo que pode envolver também a concessão de financiamentos. O faturamento do Mercado Livre no terceiro trimestre de 2017 subiu 76 por cento no país sobre um ano antes a 131 milhões de dólares.
Questionado sobre o ambiente competitivo no Brasil no setor de pagamentos, Oliveira disse que o mercado brasileiro “é enorme e ainda muito subatendido” e que o Mercado Pago “tem planos bastante agressivos para oferta completa para o usuário”. O executivo disse que não está nos planos um IPO do Mercado Pago.
“Somos muito fortes como um ecossistema completo. O Mercado Livre gera caixa e temos investido muito no crescimento do negócio e a oferta de crédito vai complementar isso”, disse.
Segundo ele, o Mercado Pago tem hoje um parque de “centenas de milhares” de máquinas de captura de pagamentos (POS) no Brasil, mercado potencial avaliado pela empresa de 15 milhões de vendedores, incluindo ambulantes e outros pequenos comerciantes.
Atualmente, o Mercado Pago cobra hoje taxa média de 3,5 por cento ao mês na concessão de empréstimos e nenhum outro encargo, disse Santos. O vendedor é debitado da parcela do empréstimo, que pode ser dividido em até 12 meses, diretamente de sua conta no Mercado Pago. Os valores emprestados vão de mil a 350 mil reais, com a média dos financiamentos sendo de 40 mil reais, disse o executivo. A gestão do risco é feita por meio de sistema proprietário do Mercado Livre, que analisa 400 variáveis.
Fonte: DCI