Por Adriana Mattos | As vendas transacionadas na plataforma do Mercado Livre no país voltaram a acelerar em ritmo um pouco mais forte.
Houve uma expansão de 28% nos valores negociados pelo Mercado Livre e seus lojistas no país (conhecido como “gross merchandise value”) de janeiro a março, em moeda local, frente ao ano anterior.
É uma taxa que supera ritmos anteriores. No quarto trimestre e no primeiro trimestre de 2022, a expansão foi de 22% e 23% respectivamente — por trimestre, a média ficou pouco acima de 20% no ano passado.
Este já era um maior ritmo de crescimento entre todas as concorrentes locais, mas ficava abaixo de desempenhos anteriores da própria empresa — em parte explicado pela base de comparação forte.
Havia expectativa entre analistas de bancos que plataformas rivais da Americanas captassem parte do mercado da varejista logo após o início da crise financeira na empresa. A Americanas anunciou rombo contábil de R$ 20 bilhões em 11 de janeiro.
Em seu relatório de resultados publicado hoje, a empresa não cita um eventual efeito Americanas nos números do início do ano (a companhia teve queda de 70% no GMV em fevereiro sobre janeiro, segundo relatório do administrador judicial). O Mercado Livre evita comparações com concorrente, mas analistas fizeram projeções sobre eventual migração de tráfego e venda após janeiro, e Mercado Livre e Magazine Luiza eram os principais beneficiados.
Outro ponto que merece atenção é o ritmo de crescimento em itens vendidos no país, algo que não foi um grande destaque no quarto trimestre de 2022.
No fim de 2022, houve alta para esse indicador de dois dígitos baixo, em 11%, e de janeiro a março, o avanço alcançou 17% (era 24% de janeiro a março de 2022). A empresa chega a comentar essa questão em seu material ao mercado hoje — diz que o volume vendido e número de compradores únicos passaram a apresentar “tendências mais fortes”.
América Latina
O resultado é registrado no mesmo período em que o lucro da empresa na América Latina avançou fortemente, e impulsionado em grande parte por causa do desempenho operacional.
O lucro do grupo subiu 208,5%, para US$ 201 milhões de janeiro a março. A empresa não publica dados sobre lucro ou prejuízo no Brasil.
Na operação de América Latina, onde o grupo atua, o GMV subiu 43%, para US$ 9,4 bilhões.
Outros negócios
No braço de fintech do grupo, com o Mercado Pago, o Volume Total de Pagamentos (VTP) alcançou US$ 37 bilhões, avanço de 96% na América Latina.
Na operação de crédito, a política mais conservadora de liberação de recursos continua sendo a estratégia adotada neste ano. E a inadimplência acima de 90 dias começou a apresentar tendência de queda pela primeira vez em quatro trimestres consecutivos, apesar de continuar em patamares bem mais altos que o de um ano atrás.
Ainda na América Latina, a carteira do Mercado Crédito cresceu marginalmente para US$ 3 bilhões, uma vez que o grupo “continua a adotar uma abordagem cautelosa em relação às originações”, diz.
Os atrasos acima de 90 dias alcançaram 28,2% do total, versus 29,6% do quarto trimestre, mas ainda quase o dobro dos 14,2% de janeiro a março de 2022.
Fonte: Valor Econômico