Por Mariana Barbosa | Depois do boom da pandemia que transformou a região de Cajamar, na grande São Paulo, na meca dos galpões logísticos, o mercado vive hoje uma fase de descentralização, com operadores se expandindo para o Nordeste. A participação da região no total das locações no país era de 7% em meados do ano passado e hoje está em 9%. Estados que não figuravam nessas estatísticas há um ano, como é o caso do Piauí e Maranhão no Nordeste, e Tocantins, na região Norte, hoje já contam com galpões para apoiar as vendas do e-commerce. Os dados são da consultoria imobiliária Newmark.
Considerando apenas as locações de galpões feitas pelos grandes market places como Mercado Livre e Shopee, 17% de um total de 686 mil m² alugados desde o início do ano aconteceu no Nordeste.
— Vimos neste ano a expansão importante do e-commerce no Nordeste, principalmente em Pernambuco, Bahia e Sergipe, o que garante a entrega mais rápida também nestes importantes centros consumidores — diz Mariana Hanania, diretora de Pesquisa e Inteligência de Mercado da Newmark.
O mercado de galpões logísticos segue aquecido, puxado pelo forte crescimento do e-commerce, que registrou alta de 18,7% no primeiro semestre, com R$160,3 bilhões de vendas on-line.
Nos meses de julho e agosto, a absorção bruta acumulada foi de 3 milhões de m², alinhado ao que foi registrado no mesmo período no ano passado — mostra levantamento prévio do trimestre elaborado pela Newmark.
Essa absorção vem sendo puxada pelo Mercado Livre — que é de longe o principal inquilino de galpões no país. O marketplace argentino alugou mais 93 mil m² em julho e agosto, volume que se soma aos 370 mil m² adicionados desde o início do ano. O Meli tem hoje 1,9 mil m² de área locada e caminha para encerrar o ano com 2,2 mil m² caso os novos projetos com os quais a empresa já se comprometeu sejam entregues no prazo.
A Shopee foi a segunda empresa mais agressiva na expansão esse ano. O marketplace asiático soma 600 mil m² de ocupação de galões no país. Foram adicionados 290 mil m² este ano, dos quais 30 mil m² brutos foram contratados nos meses de julho e agosto.
— O que chama a atenção é a rápida expansão das grandes empresas de e-commerce asiáticas, que até antes da pandemia mal se ouvia falar por aqui. Tem sido um crescimento vertiginoso para capturar a demanda e se garantir perante a concorrência — diz Mariana Hanania, diretora de Pesquisa e Inteligência de Mercado da Newmark.
Fonte: O Globo