Por Cristian Favaro | Sustentado pela retomada das atividades sociais, com mais pessoas viajando, trabalhando presencialmente, em eventos e encontros, o setor de franquias faturou R$ 54,2 bilhões no segundo trimestre neste ano, alta de 12,9% na comparação com igual período do ano anterior. Frente ao segundo trimestre de 2019, antes da pandemia, o incremento foi de 25,8%. No acumulado do semestre, o faturamento foi de R$ 105,1 bilhões, alta de 14,96% na comparação anual, segundo dados da pesquisa de desempenho realizada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF).
O estudo aponta que todos os segmentos cresceram no período, com destaque para Hotelaria e Turismo (que faturou R$ 3 bilhões no trimestre, alta de 18,5%), Alimentação Food Service (R$ 10,27 bilhões, alta de 16,9%) – que já haviam se destacado no trimestre anterior –, e Moda (R$ 5,78 bilhões, alta de 16,8%), beneficiados especialmente pela forte retomada dos hábitos sociais presenciais, mas com a manutenção de atividades representativas no delivery e no e-commerce.
De acordo com Tom Moreira Leite, presidente da ABF, o segundo trimestre figurou como o oitavo período de crescimento seguido do setor. “Nos chama a atenção também a recuperação da movimentação de pessoas nos shoppings centers, associada a um nível de negócios elevados no delivery e outros canais digitais”, disse, em nota.
Leite ponderou que as franquias, os micros e pequenos empresários (independentes e franqueados) ainda são negativamente impactados pelo aumento de custos em decorrência do período de inflação alta, a dificuldade na contratação de mão de obra e um cenário de juros reais altos.
“O setor tem acompanhado também o andamento da Reforma Tributária, sendo favorável à simplificação e modernização do sistema, mas atento aos possíveis aumentos de carga tributária no setor. Esperamos também que os setores altamente intensivos em mão de obra (que têm essa linha de despesas e custos) recebam um olhar diferenciado sobre a possibilidade de gerar crédito a partir da folha (algo não considerado na discussão da Reforma Tributária até o momento), o que, certamente, nos ajudaria a gerar ainda mais empregos no País”, disse.
No segundo trimestre de 2023, a mão de obra empregada pelo setor foi da ordem de 1,612 milhão de trabalhadores diretos ante 1,453 milhão entre abril e junho do ano passado, o que equivale a um aumento de 10,9%.
O número de operações de franquias também avançou. A variação no período pesquisado representou um acréscimo de 11.062 unidades no País, totalizando 188.878 operações. Segundo o estudo, foram abertas 4,0% mais unidades, com um índice de encerramento de 1,5%, resultando num saldo positivo de 2,5%, e com uma pequena queda no número de repasses (quando um franqueado tem a loja pronta e quer vendê-la para outro): de 0,9% para 0,7% entre o segundo trimestre de 2022 e o deste ano.
Analisando os dados do desempenho neste primeiro semestre e as perspectivas para a segunda metade do ano, a ABF manteve as projeções para 2023. O faturamento deve crescer entre 9,5% a 12%; o número de operações, 10%, empregos também tem projeção de alta de 10% e o volume de redes, 4%.
“Temos expectativas positivas para o segundo semestre, marcado por datas importantes para o varejo, principalmente a Black Friday, e também feriados com viagens. O começo da queda da taxa de juros e perspectivas macroeconômicas mais positivas podem ajudar também”, disse Leite.
Fonte: Valor Econômico