A venda de uma lente para os óculos sempre vem acompanhada de uma porção de termos técnicos, que precisam ser explicados detalhadamente pelo atendente. Pela dificuldade de entender, na prática, quais diferenças aqueles adicionais que encarecem o produto podem agregar à visão, o cliente acaba recusando.
De olho nessa oportunidade de aumentar o tíquete médio das vendas, o Mercadão dos Óculos aproveitou o período de pandemia para acelerar e disponibilizar a tecnologia VisionLens. Cada vendedor acessa o sistema por um tablet e mostra para o cliente como a visão poderá ser aperfeiçoada por algum daqueles serviços oferecidos, que podem ser antirreflexo, antiembaçante (uma aposta da marca para quem precisa combinar máscaras e óculos) e de proteção contra a luz azul emitida por smartphones e tablets (Blue Control), por exemplo.
Essa tecnologia já estava em estudo na rede havia cerca de dois anos, segundo o diretor-executivo da marca, Gustavo Freitas. Durante esse período, ele estima que a rede tenha investido cerca de US$ 1 milhão (aproximadamente R$ 5,5 milhões, na cotação atual) no desenvolvimento da VisionLens.
Além de aumentar o faturamento das lojas, o objetivo, de acordo com o empreendedor, é empoderar o consumidor na escolha das lentes. “Por meio da câmera do tablet, ele vê como a lente ficaria com a simulação.”
Atualmente, a tecnologia já está disponível em 60 unidades e deve chegar a 80% da rede até o final de julho. A meta é disponibilizar para todas as 313 lojas até o fim de agosto. “Onde estamos implantando, vemos um aumento de vendas entre 30% e 40%”, afirma.
Para adotar a tecnologia na loja, o franqueado precisa adquirir um tablet para cada funcionário e pagar um valor mensal à franqueadora de cerca de R$ 200, para a manutenção do software.
“Vamos mudar a experiência antiga da ótica em que o técnico tratava o cliente como paciente. O vendedor andava de jaleco branco, sentava-se de um lado da mesa com o cliente do outro. Isso acabou. Nosso cliente está empoderado e paga pelo que é melhor”, afirma Freitas.
Além da melhoria para o faturamento das lojas e para os clientes, ele aposta que a tecnologia possa abrir o leque de contratações das unidades. “O nosso segmento depende de uma venda técnica. Isso acaba restringindo o número de pessoas que podemos contratar. Agora, não precisa mais ser um vendedor tecnicamente experiente.”
Vendas de franquia cresceram em junho
Em março, cerca de 80% das lojas do Mercadão dos Óculos fecharam as portas para cumprir decretos estaduais e municipais de prevenção à transmissão de Covid-19. Freitas explica que, além da isenção e parcelamento de royalties, a rede colocou na rua projetos que vinham sendo desenvolvidos, como o catálogo eletrônico no WhatsApp Business e o comissionamento de vendas realizadas pelo e-commerce, que ajudaram a manter as lojas ativas. Agora, apenas 15 unidades continuam fechadas, mas faturando com esses recursos.
No primeiro semestre, a rede abriu 49 novas lojas, sendo 29 entre janeiro e fevereiro. A estimativa é inaugurar mais 149 até o final do ano. “Comercializamos quatro lojas em abril, quatro em maio. Em junho, já subiu para 19”, diz.
De acordo com ele, boa parte dos novos franqueados são ex-executivos que perderam os empregos e optaram por adquirir franquias, em vez de recorrer a carteiras de investimento ou bancos.
Além disso, Freitas conta que as lojas têm sentido os efeitos da “demanda represada”, por se tratar de um item ligado à saúde. “Nossa meta por dia [em toda a rede] é de R$ 630 mil. Em um dia, chegamos a faturar R$ 750 mil, boa parte de vendas represadas”, afirma.
A rede faturou R$ 180 milhões em 2019. Um dos grandes trunfos é o baixo custo das peças, pois as armações são feitas pela própria Mercadão dos Óculos, o que dá uma margem maior para a negociação de lentes. Além disso, a rede tem apostado em linhas com famosos, como o cantor Luan Santana.
Fonte: PEGN