Por Marina Filippe | Fast food pode ser sustentável? Rogério Barreira, presidente da Divisão Brasil da Arcos Dorados (franquia que opera o McDonald’s em países da América Latina e Caribe), garante que sim: “Queremos desmistificar a ideia de que fast food não tem qualidade e não é sustentável. Estamos trabalhando para cada vez mais termos boas práticas e mostrar isso para o consumidor”, afirma. A mais recente delas é o restaurante inaugurado nesta quarta-feira, 30, próximo à Avenida Paulista, em São Paulo, na Avenida Bernardino de Campos.
A unidade tem mais de 60 atributos de sustentabilidade – sendo 25 deles já obrigatórios em outras unidades do McDonald’s. Entre as novidades há, por exemplo, estrutura em madeira “engenheirada”, produzida a partir de reflorestamento; placas de forro de fibra de madeira certificada com 25% do material reutilizado; quiosque externo para venda de sobremesas feito de material reciclado de polipropileno reciclado; compostagem interna e externa; acabamento de mesas em laminado PET 90% reciclado, entre outros.
“Entendemos que todos os 35 novos atributos de sustentabilidade funcionam para os outros restaurantes. A questão agora é analisar os resultados e viabilidade para o plano de expansão”, afirma Barreira. Segundo ele, o custo para a produção do restaurante mais sustentável é competitivo. “Se o projeto tivesse um custo extremamente alto não faria sentido. Felizmente, tivemos boas negociações com os fornecedores. Este não é, por exemplo, o primeiro restaurante construído com madeira, mas pode ser o que dará o ponta pé para a ampliação desse modelo”, afirma Barreira. O plano de expansão da Arcos Dorados para este ano prevê a inauguração de 45 a 50 restaurantes.
Da fazenda ao resíduo
Para uma jornada completa de sustentabilidade e a influência do setor, a Arcos Dorados tem trabalhado com ações de rastreabilidade do gado e produção da carne. Neste ano, a empresa alcançou 99,92% de fornecedores em conformidade com sua Política de Abastecimento de Carne Livre de Desmatamento.
“Este é um trabalho complexo e de acompanhamento constante. A meta é estar com mais de 99% dos fornecedores em conformidade. O que não significa que os demais não estão, mas sim que há um residual que pode ter um tempo maior da análise da informação”, explica Marie Tarrisse, gerente senior de impacto social e desenvolvimento sustentável da Arcos Dorados. Além da carne, todos os fornecedores de outros insumos passam por critérios de avaliação, e as áreas são analisadas nos escopos de emissões de gases de efeito estufa.
Para que os ingredientes cheguem até o restaurante, o abastecimento será feito apenas com caminhões elétricos. No pós-consumo, a intenção é que o cliente se engaje na hora do descarte. Foram distribuídas lixeiras com diferentes formatos no topo, como um círculo para o descarte da bebida, e uma cruz na qual só é possível inserir papeis. “Deste modo esperamos que as pessoas parem e pensem bem onde jogar os resíduos e as embalagens”, diz Tarrisse.
Por fim, o resíduo orgânico será levado até a composteira no fundo do restaurante. “Testamos em outra loja e descobrimos que essa composteira inicial dá conta do que geramos por dia. Mas, caso o volume aumente, temos espaço para máquinas que recebem até 100 quilos, o triplo do estimado a princípio”, afirma Tarrisse.
Há, ainda, circularidade de materiais nas paredes e pisos, com agregados de demolição como matéria prima; na estrutura elétrica, com materiais desenvolvidos pelos parceiros exclusivamente para a obra do restaurante, contendo o termoplástico feito de resíduos sólidos na composição; além de acabamentos, bancos e até a estrutura do quiosque de sobremesa.
Localização
O novo restaurante fica na Avenida Bernardino de Campos, em São Paulo, a menos de quatro quilômetros do Méqui 1000, a unidade icônica na Avenida Paulista com uma decoração instagramável e focada em experiências, e do primeiro McDonald’s da companhia em São Paulo. “Estamos testando a operação mais sustentável perto de endereços icônicos por entendermos o volume de visitas na região – de pessoas locais e turistas – e pela possibilidade de analisarmos a interação do consumidor com novas informações sobre nossos insumos e políticas de diversidade que disponibilizamos em QR codes e nos telões das lojas”, diz Barreira.
Em relação à mobilidade, a nova unidade tem ponto de carregamento para carros elétricos, estacionamento de bicicletas e estação de bike Tembici (que opera as bicicletas do Itaú, em São Paulo).
Diversidade e inclusão
Com a inauguração, a empresa viu a possibilidade de utilizar o treinamento em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) já disponível de forma optativa para os funcionários, como algo obrigatório nas novas unidades. A ideia é que sempre haja um funcionário disponível para o atendimento em LIBRAS. Além disto, as comunicações também estão disponibilidade em braile.
No primeiro andar, foi instalado o espaço “Momento Azul”, que visa ser mais silencioso e isolado da agitação central. “Esta área foi projetada para o maior conforto de pessoas no espectro autista”, diz Marrie.
Fonte: Exame