A Arcos Dorados, operadora da rede McDonald’s na América Latina, vai elevar o investimento no país de R$ 1 bilhão até 2019 para R$ 1,25 bilhão. O montante faz parte de uma nova soma de desembolsos para toda a região de 2017 a 2019, que passou de US$ 500 milhões para US$ 660 milhões, segundo comunicado.
O Brasil receberá a maior parte dos recursos – o país representa 45% do negócio da Arcos Dorados, a maior fatia na região. Após a divulgação dos dados, e dos resultados de 2017, a ação fechou estável, em US$ 9,65, depois de bater em US$ 9,90 durante o pregão.
Para efeito de comparação, o concorrente Burger King Brasil, com ação na B3, prevê investir R$ 200 milhões a R$ 250 milhões no país neste ano, além de R$ 350 milhões na aquisição de 51 pontos e 20 quiosques de franqueados.
Na Arcos Dorados, a maioria dos recursos será aplicada na abertura de unidades e na reforma das lojas brasileiras seguindo o novo formato da rede, batizado de “restaurante do futuro”. O modelo tem novo sistema de atendimento, serviços e estrutura. Hoje cerca de 100 unidades no Brasil têm esse padrão.
O CEO do grupo, Sérgio Alonso, disse ontem a analistas que 70% dos restaurantes brasileiros funcionarão no novo formato até o fim de 2019, o que exige aumento dos desembolsos. Em dezembro, a rede tinha 929 unidades no país. Logo, a transformação tem que envolver mais 550 pontos – descontando as 100 já reformadas.
Dentro da soma de US$ 660 milhões, cerca de US$ 390 milhões serão destinados para transformação dos pontos na América Latina, diz o grupo. Outros US$ 200 milhões, calculam analistas, serão aplicados em novas unidades e o restante, em sistemas e tecnologia nas unidades reformadas.
Também foi revisada a meta de abertura de novos restaurantes nos países latinos, “com o volume a mais de novos pontos previstos contemplando primordialmente inaugurações no Brasil”, disse Alonso ontem ao Valor.
Antes, eram previstas 180 inaugurações de 2017 a 2019. Agora, são 200. No ciclo de investimento anterior, de 2014 a 2016, foram abertas 151 lojas. Os recursos devem ser aplicados, majoritariamente, em lojas de rua no país, com área de vendas superior a de shoppings.
Apenas para 2018, o plano é abrir entre 65 e 70 novos restaurantes e investir entre US$ 200 milhões e US$ 230 milhões na América Latina. Com base nisso, conclui-se que 2019 deve concentrar a maior parte dos investimentos.
Questionado sobre a origem dos recursos, Alonso diz que a geração de caixa da companhia superou metas previstas e isso abriu espaço para rever expectativas de desembolsos no triênio. A empresa registrava em dezembro de 2017 saldo de caixa de quase US$ 330 milhões, versus US$ 194 milhões um ano antes.
“Planejamos financiar nossos planos com o caixa atualmente disponível. Então, não esperamos aumentar a dívida bruta para atingir essas novas metas […]. Entendemos que precisamos pegar essa onda de recuperação no Brasil, e para isso é preciso elevar os desembolsos”, diz ele. A relação entre dívida líquida e Ebitda (lucro antes de juros impostos, amortização e depreciação) caiu de 1,7 vez em 2016 para 1 vez em 2017.
Segundo dados divulgados ontem, as vendas no Brasil subiram 5,1% em reais no quarto trimestre do ano passado, e o Ebitda cresceu 22%. A margem Ebitda subiu 2,7 pontos, para 19,4%. “Uma mudança favorável no mix, e um quarto trimestre consecutivo de tráfego positivo impulsionaram esses resultados”, afirmou a empresa. Também contribuiu uma maior diluição de despesas.
No ano passado, a rede fechou com quase US$ 1,5 bilhão em vendas no Brasil, alta de 12,3% em dólar e 3,7% em real. Esse número não inclui toda a venda das unidades franqueadas no país, já que considera a operação da Arcos. O lucro operacional subiu 31% em dólar, para US$ 161 milhões, e 22% em real.
Fonte: Valor Econômico